sábado, 16 de maio de 2009

Viagem aos anos 60 - Jovens rebeldes “Geração Radical”

Caro Amigo.
Que saudades! Um “CD” no drive e um "clic" no botão do mause, e lá vamos nós, voar no tempo. Opa! "Subi a rua Augusta a 120 por hora..." - é o Ronnie Cord! Quanto tempo, não é mesmo? Compreendo que deve ser uma barra para quem viu e viveu aquela loucura. É preciso ter o coração forte. A lembrança viva daquela década é como uma doença incurável. Ouça essa, meu amigo, é o Ritmo da Chuva -”... olho para a chuva que não quer cessar...", o coração aperta, né mesmo? É a saudade da juventude! Se não fossemos jovens rebeldes daquela década, não teríamos um coração forte. Não é fácil para nós, coexistir com essas lembranças tão marcantes, tão únicas, tão nossas. Não haverá tempo para vivenciarmos nada que possa superar aquelas emoções sentidas?
Amigo, por que essa saudade mesclada de tédio? É nesse ponto, que o temor se entranha na minha alma, pois penso que se deixarmos levar por essa viagem sem controle, podemos nos perder. A angústia abre uma estrada a nossa frente - ah! Lembra dessa? A festa de arromba do Erasmo Carlos! É... Fala verdade, aqueles anos foram uma festa de arrombar a ampulheta do tempo, concorda?
Bem, amigo, como eu dizia: Se colocarmos o pé nessa estrada e retrocedermos no tempo sem olhar para trás, fatalmente, chegaremos ao portal da depressão. Um passo a mais e caímos no abismo, porque além desse portal, não é o horizonte, aquele lugar bonito pra se viver em paz. É preciso deixar sempre um pé no presente, quando colocamos o outro pé no passado. Assim não perdemos o elo. Ouça essa música! Não... fala verdade, essa foi demais... - La Bamba - quem anunciou a novidade dessa música dentro de uma sala de aula no ginásio, quem foi? Lembro perfeitamente de você, diante do nosso grupinho feliz, cantando e estalando os dedos - "...jo no soy marinheiro, soy capitã, soy capitã, soy capitã...Bamba, Bamba" - é preciso ter coragem para recordar o passado dos anos sessenta, quando você é um deles. Poucos como nós temos esse privilégio de ter participado da efervescência jovem daquela década. Meu amigo, as vezes penso que a beleza daqueles tempos, foi exclusividade dos amigos da nossa cidadezinha do interior a margem do tempo e do espaço. Mas é engano. Aqueles sentimentos de séculos de humanidade explodindo em todas as direções do universo. Todas as pessoas estavam inebriadas de amor, esperança e rebeldia. Amor, esperança e rebeldia são os atributos essenciais do milagre da transformação dos baldrames da sobrevivência humana. Cada detalhe da vida se parecia com uma magia. O tempo estava em fase de ebulição absoluta. Transformação radical, planejada naturalmente, pelo Maestro de todos os tempos: O Maestro da vida. Ouço agora a voz aveludada da Vanderleia - "Nós somos jovens, jovens, jovens.. Somos do exército,..."
Imagino que após a 2ª guerra mundial, com todas as suas atrocidades, bem como, o inferno do holocausto, a guerra do Vietnam e, sobretudo, a rigidez milenar dos conceitos aplicados a educação dos jovens e ao convívio familiar; onde os filhos se transformavam em cópias dos próprios pais, assegurando a estabilidade dos costumes seculares, como num círculo vicioso, aconteceu a bomba. Foi assim que entre a década de quarenta e cinqüenta, uma legião de grandes almas, repletas de talentos especiais, caíram sobre a planície fértil dos solos uterinos, e no devido tempo, anos sessenta, entraram em ação com a força do espírito de rebeldia; o tapete dos costumes arcaicos foram espanejados e, estendidos ao contrário. - Lembra dessa? Ouça? “...E que tudo mais, vá pro inferno...” É isso mesmo, mandamos tudo pro inferno... “mor barato”.
Lembro-me que em nossa cidadezinha, de menos de vinte mil habitantes, havia uma torre bem alta no centro de maior movimento. Era o serviço de alto-falante, visto que não tínhamos uma rádio local. Também não havia televisão na região, mas sabíamos que isso não era novidade na Capital. Eu, mesmo, fui um dos locutores desse serviço de propaganda local. Em plena década de sessenta, chegou em minhas mãos um "LP" do Roberto Carlos.
- Mas o que é isso? – Perguntei de queixo caído.
Hoje parece esquisito a minha surpresa, mas o leitor deve lembrar que tudo isso aconteceu em outros tempos. Parece pouco tempo, mas devido à velocidade e a relevância das transformações, o passado não se apresenta de forma tão longínqua. Então amigo, quando vi aquelas fotos de um jovem com cabeleira de mulher, fiquei chocado e também fascinado. Jamais havia visto um homem cabeludo na minha região. Há que se considerar, também, o fato de que, bancas de jornais e revistas ou livrarias, não havia na cidade, e as revistas da época, ou seja, as fotonovelas: Capricho, Ilusão, Noturno e outras, alguém buscavam nas cidades maiores, para vender as poucas leitoras.
Fui o primeiro a tocar naquela cidade, o disco "Jovem Guarda" com a música, "Quero que vá tudo pro inferno." Fiquei abobado! Quantos jovens, como eu, naquela cidade estavam ouvindo pela primeira vez, aquela música tão maluca? O coração vibrava e a mente acelerava. Jamais fomos os mesmos conterrâneos, depois daquele dia. Mas vamos continuar a curtição da nossa viagem... Pois bem amigo, antes os filhos se tornavam igualzinho aos pais, fazendo as mesmas coisas que eles fizeram. "Tal pai, tal filho." Mas na década da contestação, aquela mencionada legião de almas cheias de talentos se revelaram. Deflagraram a guerra mundial. A guerra da liberdade e do amor. Em todos os cantos do planeta, estouraram músicos talentosos e avançados, cientistas foram para a lua, a televisão ficou colorida, vestimentas de tergal ou linho com vínculo disciplinado foram substituídas pelas calças Lee´s desbotadas, amassadas e sem vínculos; os cabelos curtos bem penteados com brilhantina foram substituídos pelas cabeleiras longas e desalinhadas; a passividade pela rebeldia... Todos os valores e regras estabelecidos até então, foram quebrados e substituídos pelo contrário. Qual jovem ainda pediria a benção ao pai ou ao padrinho e fazia a faculdade que eles decidiam? Liberdade ampla e irrestrita, ainda que após quarenta mil anos do aparecimento do Homo sapiens. Claro que pagamos um preço por essa liberdade repentina e imatura. Um cão que escapa da corrente, e se vê livre, sai em louca disparada e pode se chocar com um veículo em alta velocidade. Claro. Teríamos que assimilar e aprender a conviver com essa liberdade. Antes éramos crianças sem liberdade, nos tornamos adolescentes e um dia seriamos adultos em harmonia com as regras dessa liberdade. Vivenciar a liberdade sem a necessária maturidade, ainda é melhor que viver sem ela. A liberdade é um caminho aberto para a evolução e a maturidade do ser humano. Essa você lembra, ouça... "Pode vir quente que eu estou fervendo..." - lembra? Erasmo Carlos? ...Olha essa outra? “Estava à-toa na vida, o meu amor me chamou...” - a Banda com Nara Leão! Ouvi essa música pela primeira vez em um banco da pracinha na cidade vizinha. Lembra aquela vez que o Diretor do Ginásio mandou todos os alunos fazer um Raio-X do pulmão? Quando uma funcionária do Ginásio teve tuberculose? Fomos todos fazer o raio do Raio-X na outra cidade. Quando ouvimos aquela música, eu e meu irmão, sozinhos na praça daquela cidade, sentimos um sufoco muito grande. Aquela boca de alto-falante amarrado a arvore, com a fiação vinda diretamente da rádio da cidade, foi ligada de surpresa e justamente com essa música. Olhamos para o horizonte acinzentado e uma vontade louca de se largar no mundo... sabe, partir em direção a São Paulo...nossa, que sufoco? Jamais esqueci esse momento. Onde foi mesmo que eu parei? Ah! Talvez, eu tenha aprendido a conviver com essa liberdade melhor do que com o meu passado. Minhas filhas vivem nesse mundo livre, com toda naturalidade como se ele sempre tivesse sido assim. Dentro delas, não há imagens ou quaisquer lembranças aquele mundo que só nós conhecemos a fundo. Elas não têm as marcas e as cicatrizes das dores e prazeres, oriundos das transformações da nossa geração atômica. Temos dentro de nós os dois lados da moeda do nosso tempo, e por isso, devemos relutar em prendermos obsessivamente ao passado, para não mergulharmos em depressão. Apesar de, extinguido a fumaça corrosiva, nada mais de novo, ou de notável, ter acontecido, mesmo assim, a realidade é outra. Seremos considerados loucos, porém, jamais ultrapassados, durante alguns séculos. Ao contrário, se tentarmos viver somente o lado atual, ou seja, o presente, não estamos isentos da ameaça da cara do “Brucutu” da depressão, decorrentes da frustração e do marasmo. Teríamos de reprimir um passado muito forte. Seríamos sucumbidos pela saudade e pelo vazio. O ideal, seria viver na fronteira entre os dois lados. Um pé no passado e outro no presente. Um presente que é o futuro do passado. Um passado que espelhava o futuro, que hoje é presente. Por falar em Brucutu, você lembra? “Olha o Brucutu, Bru...cutu..” E essa? "Ah Meu bem, Meu bem...". Grande sucesso dos Beatles com e a versão com Roni Von. Aliás, você já pensou como é que vivem hoje os nossos artistas dos anos sessenta? Será que conseguem conviver em harmonia com esse tempo vazio do presente? “Jesus Cristo! Jesus Cristo! Jesus Cristo eu estou aqui..” - grande Roberto Carlos!
Foi mais ou menos quando saiu essa música que eu parti para São Paulo. O paraíso da ilusão. Foi quando me despedi dos meus grandes amigos adolescentes. Todos uma brasa da Jovem Guarda - mora. Quanta esperança e que aperto no coração! A cabeça cheia de sonhos.
E você meu amigo, o melhor e o mais inteligente de toda a nossa gangue. Sempre na mesma sala de aula! Assim foi o primário e o ginasial. Você era o bobo alegre da turma. Sempre cheio de novidades e piadas. O nosso líder. Que talento! E pensar que todo esse talento se refreou em você. Como imaginar que você jamais viria para a realidade das grandes Capitais como São Paulo? Que a inocência adâmica permaneceria imaculada em você, ainda por mais de três décadas depois? Que jamais seria picado pela serpente da realidade do paraíso? Meu amigo e parceiro rebelde, isso já faz muito tempo. Quando nos despedimos, antes que eu tomasse a direção da estação do Maria Fumaça, a minha cabeleira cobria os meus olhos, mas hoje...a minha testa é uma clareira de pouso forçado de teco-teco perdido. A margem da minha calvície, eu insisto, ridiculamente, em conservar uns resquícios capilares rebeldes. Parecem mais os pára-lamas da máquina do tempo. Talvez você estranhe, que eu esteja escrevendo e ouvindo música ao mesmo tempo. Mas é verdade, pode crer, estou escrevendo no computador. “É bicho” - nele, pode-se escrever e ouvir música do nosso tempo, ao mesmo tempo! Um tempo em que jamais poderíamos imaginar que, a nossa velha máquina de escrever, se transformaria em uma máquina para escrever, ouvir músicas, ver e falar com as pessoas em qualquer parte do planeta. Sabe bicho, enquanto ouço essas músicas, as emoções e as lembranças vão aflorando a minha mente e o teor da minha carta se altera e obedece ao mesmo ritmo. Agora é o Renato e seus Blue Cap´s, com a música: “A dona do meu coração”, isso me transporta ao cenário da nossa cidadezinha. Fecho os olhos e vejo você, a Donália, a Dulce, o Nairton, o Cícero, a Angelina. Lembra da Angelina? A irmã da Cotinha – a nossa garota mini-saia? Então, foi com a Angelina que aconteceu o seu primeiro beijo! Que coisa besta, né? O seu primeiro beijo. Como achamos isso tão importante na época, não é verdade? Você era romântico ao extremo e elas, abusavam disso. A frase comparada a sensação do beijo de Sandro Moretti em Michela Roque, nas fotonovelas da revista Grande Hotel - ..."O contato dos nossos lábios, transmitiam mensagens de amor". A! Desculpe o riso involuntário, mas foi dessa forma que você se referiu a experiência do seu primeiro beijo na Angelina. No dia seguinte, você com ares de rapaz maduro, esnobava-me: Bicho, todos nós temos nossa primeira vez na vida. Isso é normal. E é muito legal. Uma “brasa-móra”. Oh! “...pobre menina, não tem ninguém..”- Leno e Lilian, lembra? A dupla romântica se desfez e a Lílian que namorava o Renato dos Blues Cap's foi casar com um dos Vip's. O Renato se vingou, compondo a música "A primeira lágrima" e quando ela ouviu: “Se você soubesse, como foi ruim/saber que o seu amor, por mim chegou ao fim...” – pois é cara, não é que ela chorou? A nossa rádio preferida, difusora de Presidente Prudente, tocava as músicas deles, e falava o dia todo da separação da dupla, Leno e Lílian. Ficamos tristes, não foi?
O tempo correu em saltos quânticos. Já estamos em outro século e somos todos casados. Cada um de nós com a sua família. Os jovens cabeludos e rebeldes do passado agora são carecas responsáveis e homens de família. Mas não esquecemos jamais o nosso passado que é a melhor e a insuperável parte de nossa vida. Sinto-me como parte de um álbum vivo de registros daquele tempo. Por tais evidências, é que, mesmo separados geograficamente, e isso já faz mais de três décadas, ainda nos comunicamos por cartas e usamos a mesma linguagem. Obviamente, hoje, conheço pouco do seu presente. Ah! Uma paradinha para ouvir essa: "Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones" - com Os Incríveis! Desculpe amigo, mas é que quase sucumbi pela nostalgia. Por falar em nostalgia, lembra-se da Rita Pavoni? Está viva! Pelo menos, essa é a última notícia que tenho dela. Ela namorou o Netinho dos Incríveis. Sei lá, acho que o Netinho tirava um sarrinho nela, você não acha? É. Ela me faz lembrar a Cely Campelo com o "Estúpido Cupido". Ainda bem que essa carta já esta no fim. Não está sendo fácil escrever sobre o passado, ao som de tão belas músicas da nossa juventude. Tenha certeza meu amigo, as pessoas, no presente, caminham para o isolamento total. Mais progresso, mais tecnologia, mais intelectualidade e mais capitalismo e a individualidade e o egoísmo impera. A sofisticação coloca cada pessoa em um pedestal de arrogância e intolerância. Quanto mais capital (material), mais defesa exigirá do seu proprietário. Quem tem muito, precisa cuidar-se e se fechar, ou seja isolar-se. Medo de ser-lhe tirado o que acumulou para si. Cada individuo, se torna um guarda de segurança de si próprio. Não pode confiar em ninguém. O acumulo de potencialidades intelectivas desenvolvidas em meio a tantos desprovidos de conhecimentos, gera um sentimento de superioridade em cada indivíduo. Dá-lhe a ilusão de ser um semideus. Quem sabe muito e tem poder financeiro, é tomado por uma sensação de endeusamento, ou complexo de Narciso. Sente-se um deus. Quanto mais próximo das pessoas leigas, esse sentimento se manifesta de forma mais forte. Quero crer que tudo isso, é em função do desenvolvimento do ser humano, que caminha na direção da proteção da sobrevivência do homem (corpo físico) e não, na sobrevivência da vida e do equilíbrio do ser humano (matéria e espírito). A evolução é feita pelo progresso tecnológico, desenvolvido através da ciência, pura tecnologia comercial, esquecendo-se da tecnologia espiritual. A evolução não segue na direção de "Alfa para Omega", objetivando a perfeição espiritual. O homem pensa essencialmente no dinheiro e no conforto físico. A evolução espiritual, mediante o desenvolvimento do conhecimento, é o que nos leva a encontrar o verdadeiro sentido de existirmos. Mas os seres humanos não sabem pensar nesse desenvolvimento, sem dar nomes aos bois, sem pensar em religião, em separação, em discriminação: Igreja tal, Igreja sem tal e assim por diante. Formalidades legais, regras, e você deve proceder assim e assado, e você deve se subjugar a isso ou aquilo, você é um verme pecador e deve pedir muito perdão, ...perdão por ter nascido...nascido já condenado...com o selo pecado, a herança genético-espiritual do casal do Éden, que comeu o fruto do conhecimento, por influência da trapaceira da serpente da realidade. “Misericórdia! Mas Deus está te dizendo agora irmão, que tu será salvo das garras do carniceiro, do inimigo, do Diabo, sei lá mais de quem....” Pois não é, amigo? Já nasci um fugitivo, sem terra, bandido com uma culpa no cartório celeste e o que é pior, nem sei ou nem tenho consciência do crime, mas devo convencer-me de pedir perdão e tentar salvar a minha alma da condenação eterna. E quem me condena, é o próprio Salvador, aquele que me deu a vida e já com o anexo da folha corrida do crime, não cometido por mim, mas por outra pessoa que eu jamais conheci. Isso não é arbitrário? E ainda falam: “É, mas você tem o livre arbítrio!” Mas que livre arbítrio? A vida ou a morte? Só tenho uma escolha? Não devia existir, no mínimo, duas alternativas para se configurar – livre arbítrio? Sim, porque a morte não é opção, mas uma imposição - o fim. Claro. E depois, somente os irracionais, loucos, optariam pela morte eterna da sua alma. De modos que só temos uma escolha – ser bonzinho e ganhar a vida eterna, mas, em sendo uma única opção, não se configura o termo – livre arbítrio.
Meu Deus! Sabe amigo, na maior parte do tempo, sinto-me como um cão que apanha do seu senhor e mesmo assim deve beijar-lhe os pés. Não amigo, não pode ser assim. Deus é muito mais que isso. Com certeza, tem perfeição absoluta e pode fazer tudo bem melhor. Nós é que confundimos tudo... Afinal, a fruta do conhecimento foi deixada para tentar o homem, sem razão alguma? Se a fé sem a luz do conhecimento é o que importa, porque nascemos com ânsia de sabedoria e cuja sobrevivência, é um processo de desenvolvimento de potenciais intrínsecos? Poderíamos permanecer burros por toda a vida, apenas revestido de fé e então, Deus nos perdoaria por todos os nossos pecados cometidos por ausência de sabedoria. Não passaríamos pelo sacrifício do aprendizado da vida, dos bancos das escolas e dos livros e mais livros. O pecado é produto da burrice, e nada tem a ver com a materialidade. Somos espiritual e material, mas sabemos que a matéria não tem vida. Se não tem vida, não comete pecados, não é responsável por nada. O espírito é energia e não tem sexo e só por isso já não pode ser responsabilizado por muitos pecados da matéria. Sem sexo, por exemplo, não há pecados sexuais. Nem poderia haver! Como não se pode imputar a maior parte das culpas do ser humano ao espírito, por inexistência de instrumento sexual, e por último, como não se pode imputar uma responsabilidade ao pó, concluo que o pecado não existe. É por tais e tais incoerências, e loucuras dos seres humanos, que ainda insisto em procurar Deus no caminho do conhecimento. Caminho trilhado passo a passo em direção a evolução. O todo é o nosso mundo, no entanto, tudo isso é apenas uma célula da existência. Vamos desmistificar os mistérios dessa célula para depois continuar a fazer o mesmo em uma célula maior. Não podemos jamais perder a fé em Deus, mas, que ela seja controlada, isso para não cegar os nossos olhos e deixarmos de ver o caminho do conhecimento. Quando alguém acredita que tem fé, deixa de buscar o conhecimento no mundo em que vive. Se o conhecimento não estivesse nesse mundo, porque razão viríamos para cá? Ler, viver, praticar, meditar e se lambuzar na massa do mundo. É nesse bolo que está o conhecimento para chegarmos ao diploma. O passaporte para a outra dimensão. O mundo do bolo espiritual. Quanto mais nos alimentarmos desse bolo material, mais fortes e sábios ficaremos para alimentarmos do bolo espiritual. Meu amigo, só agora é que percebi que o disco parou de tocar as nossas músicas e por essa razão a minha imaginação escapou do passado e do futuro, para viajar nas páginas do livro da eternidade. Aquele instante em que você se esquece do tempo, permanecendo no presente sem estar consciente do passado e do futuro, e a isso, dá-se o nome de eternidade. O silêncio me levou a esse estado de meditação. O agora. Sempre agora... Eternidade. Sinto-me mais leve. As recordações e lembranças que me apertavam o coração e a alma, agora se acomodaram. Deixaram mais conhecimentos para o consciente do presente. Reflexões sobre os eventos do passado, com todas as emoções e sensações vivas. Sobre elas, pode-se aprender e obter conhecimentos. Uma mente do presente, estudando os eventos do passado como se lá estivesse vivendo. Percebeu? Bem amigo, agora vou guardar o meu “Compact Disc”, encerrar esse gostoso bate papo, apertando o botão do drive do tempo. Quando o passado clamar mais forte novamente, introduzirei o CD no drive, abrirei as janelas do tempo e voltarei ao cenário daquele minúsculo espaço geográfico do passado, para encontrá-lo. Ouviremos no rádio, as músicas da "Jovem Guarda", assistiremos à matinê no cinema, o filme "Dio come te amo" com a Gigliola Cinquetti ou o "Zorro e o Tonto", o Tarzan e após, vamos paquerar as garotas no coreto da pracinha. De outra forma, amigo, quem sabe, no presente, poderíamos cruzar os oitocentos quilômetros que nos separa a tantos anos e, nos encontrarmos em nossa cidade da juventude. Os cabeludos do passado, em um encontro de carecas do presente. O sonho não acabou dentro de nós. È isso ai, bicho! Móra. Aquela brasa, jamais se tornará cinzas corroídas pelo tempo.
Salvar? Sim. Desligar? Sim. Enter. Deletar? Jamais.
Do amigo
Josué/2001

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