sábado, 27 de junho de 2009

Literatura e o caminho do conhecimento


"A literatura é a fonte da sabedoria;
Sabedoria é a luz do conhecimento;
O conhecimento está nos livros"
Josué


Caminho democrático

Garoto bóia-fria, filho de migrantes nordestinos, trabalhei nas lavouras do Pontal do Paranapanema. Nasci em Marabá Paulista-SP, numa casa coberta de sapé, com paredes de troncos de coqueiro e barro, circundado por uma lavoura de algodão. Usei o único e possível caminho democrático na vida para mostrar a minha existência – o caminho do amor pela literatura.
Quando a alma transpira, o poeta se inspira. Quando o poeta não apregoa a transpiração da alma, ele entra em depressão. Que bela e infinita poesia é a essência da vida! E nós, somos os versos dessa divina poesia. Os versos devem ser aprimorados pelos eflúvios da alma, para que a poesia se torne perfeita. Perfeita para ser eterna.

Sobre a linguagem da alma?

Os pais dão à vida aos filhos e os ensinam a caminhar; quem aprende a caminhar na vida, precisa de caminhos. Na escola, os professores nos apontam um dos melhores caminhos: A literatura, ou seja, o caminho do conhecimento.
É através da literatura que adquirimos conhecimento e cultura. A literatura faz bem ao corpo e a alma. A literatura é a linguagem da alma e a poesia é o suspiro apaixonado da alma pelo belo.
Educamos os filhos para vencerem profissionalmente, serem vencedores no mundo dos negócios, enfim, ganhar muito dinheiro, mas esquecemos da alma. Esquecemos de alimentar a alma. A alma sobrevive com o deleite da sabedoria, mas enquanto estamos correndo atrás do dinheiro, que nunca será suficiente, não temos tempo para a sabedoria. Tornamos sábios em tecnologia que nada tem de similar com a alma. A tecnologia possibilita as realizações materiais. A alma é quem nos torna, verdadeiramente, humanos. Sem alma somos apenas corpo material. Há mais coisa entre a terra e a vida, que a nossa ganância material. Uma pessoa sem sabedoria é como um carro numa estrada escura, sem farol alto, a qualquer momento pode mergulhar na escuridão de um abismo profundo. Pessoas cultas e cheias de sabedoria, dificilmente praticam o mal. Há um paradoxo Socrático que afirma: "Ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são inseparáveis”.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A minha religião é verdadeira e as outras são falsas?

“Sou jovem em dias, e vós sois idosos. Por isso recuei e tive medo de vos declarar o meu conhecimento. Eu disse: ‘Falem os próprios dias, e que a multidão dos anos dê a conhecer a sabedoria.’ Decerto é o espírito nos homens mortais e o fôlego do Todo – poderoso que lhes dá entendimento.” Jó 32:6..8

Há tanto para aprender, mas o tempo é curto. Será sempre curto, diante da evidência da eternidade. Mas não se preocupem com isso. Se somos filhos de Deus, certamente, o nosso ser real, (espírito) é feito da mesma substância Divina. Substância que não é desse mundo material. Deus não é material e, obviamente, tudo que é oriundo dÊle, também não é de matéria. Matéria não é filho de Deus, bem como, não entra no reino espiritual de Deus. Isto posto, posso afirmar que há dentro de cada um de nós, um ser espiritual. A essência do ser humano. Naturalmente, se há um ser espiritual dentro de nós, então, somos eternos. Deus é eterno e tudo que derivar da sua substância, também é eterno. É a lei do universo. A lei da imutabilidade de Deus. Deus é imutável. O seu espírito, o meu espírito, o nosso espírito, é imutável e, jamais seremos destruídos. Do contrário, seria o mesmo que dizer que Deus seria destruído, também. A substância de Deus é eterna, logo, o espírito também é eterno. Assim sendo, não se preocupem, pois teremos muito - tempo e tempos - para renascer e aprender, até chegarmos próximo de Deus. Jesus, o maior líder da humanidade disse que importa renascer:“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. S. João 3:03” O Reino de Deus é a perfeição, o mundo espiritual. Quem não nascer de novo...Nascer de novo é nascer novamente, nascer outra vez, ou seja, renascer e, só existe uma forma de renascer, é a forma como podemos vir ao mundo material. Portanto, não vamos nos afligir com ansiedades, afinal, se somos eternos, temos toda uma eternidade para aprender.
Quantas coisas que ontem achamos certas, e hoje, achamos tudo errado. São níveis de conscientização. Já pensou no meu tataravô, se voltasse hoje nesse mundo? Quanta encrenca iria fazer? Tudo por uma questão de nível de conscientização. Ele estaria em um nível e nós em outro. Ele precisaria de tempo para conscientizar de tudo que nós já temos conscientizado, não é mesmo? O que eu não entendo hoje, posso entender amanhã.
Comecei a ler a bíblia, a partir dos 07 anos de idade. Nessa idade, eu já sentava nos bancos da igreja, sob a zeladoria do meu pai. Não há versículo que alguém possa me lembrar ou pedir que eu leia, que eu já não, ouvi ou li. Conheço todos. Já fui insistente (fanático) e dono da verdade como todo crente, recém-convertido. As mesmas pregações, frases e preocupações. Hoje, posso dizer que, tais preocupações, citações bíblicas, só fazem diferença para: iniciantes no evangelho; pastores que abraçaram a religião como objetivo de suas vidas; pessoas que acreditam cegamente que as palavras da bíblia, são as palavras exatas de Deus; pessoas que tem fé. Sim, fé. A fé é acreditar sem ver. Acreditar sem prova concreta; assumir cegamente para si uma verdade, mesmo não comprovada cientificamente. È como uma pessoa muito apaixonada por outra. Mesmo que essa pessoa cometa vários erros, o amor da pessoa apaixonada não deixa ver. Fica cega, surda e muda. Não acredita em nada do que os outros possam lhe alertar. Não procura nem pensar na possibilidade de estar realmente enganada; Rasga qualquer prova que alguém tenta lhe colocar nas mãos. A fé é como a paixão, você se apaixona e luta contra tudo e contra todos, em favor dessa paixão. Você renuncia a tudo, anula-se para abraçar a sua fé ou a sua paixão. Um dia, após muito conhecimento referente à pessoa, objeto da paixão, você pode se decepcionar ou não. Se após conhecer bem a pessoa você ainda continuar apaixonado, então o sentimento já não é mais de paixão e sim de amor. Amor é um sentimento formado com base no conhecimento do ser amado. Você passa a conhecer muito bem a pessoas e passa a amá-la. Sente que essa pessoa faz parte da sua vida. A paixão, já não é assim, pois ela é temporária. A paixão acontece de repente. Ela se propaga no escuro. Quando ainda não se tem conhecimento do ser em que se está apaixonado. Com o tempo, depois de muito conhecimento, a paixão pode ser exterminada. É como uma névoa que se desfaz no verão.
Assim é a conversão pela fé repentina. Quando a fé é fundamentada em muito conhecimento, ela é forte e indestrutível. Nesse caso, a fé já não é cega. O conhecimento é os olhos da fé. Fé sem muito conhecimento real, é cega. Acredita-se no escuro e até morre por isso se for preciso. Sempre que faço uma afirmação para uma pessoa de fé, coloco-lhe uma afirmação lógica, interpretada da própria bíblia, fico aguardando uma resposta. Mesmo sabendo que essa pessoa não terá como responder. E o que recebo como resposta, é sempre alguma coisa que demonstra que a pessoa nem ao menos, percebeu as minhas lógicas, inserida na afirmação. A pessoa deixa passar, batido, uma questão muito importante para confirmar ou modificar as suas teorias e convicções, simplesmente pelo fato de, estar cega pela fé ou não estar nem um pouco preocupado com o que é certo ou errado. Aquela coisa que chamamos de comodismo mental. Não responde a questão, porque sabe que não pode responder e limita-se a continuar repetindo as mesmas citações, por falta de uma resposta convincente. Não pensa que estas citações já foram lidas muitas vezes pela outra pessoa. Isso é perda de tempo. Não se sai do lugar. Isso é o que eu tenho percebido em 99% das pessoas que procuram Deus com toda sinceridade. Quando alguém me joga uma lógica contra uma convicção minha, nada mais eu deixo ir adiante, enquanto não encontrar resposta para aquela questão. Como posso ir adiante sem responder uma questão que diz respeito ao meu caminho? Não posso seguir o meu caminho se tenho alguma dúvida sobre o trajeto? Caso não tenha como desfazer a lógica da questão, assumo-a com muita alegria. Sim, com alegria, pois aprendi algo novo e avancei no tempo e no conhecimento. Mudo de caminho se for o caso. É mais uma célula apenas no tecido do conhecimento. Às vezes, para assumir um novo conhecimento, é preciso se desfazer do velho conhecimento. Não tenho medo de refazer minhas convicções, desde que, seja convencido com lógica e razão. É assim, quando você compra livros novos e melhores, tem que esvaziar a estante, encaixotando os velhos livros que se tornaram irrelevantes e que ocupavam espaço.
Dizer que na bíblia está escrito que não devemos ser como São Tomé, não convence mais ninguém. “Bem aventurado aquele que crê, sem nunca ter visto?” Isto serve para fechar mais um pouco os olhos daqueles que tem fé e não querem ver nada. Jesus é absoluto em perfeição e não faria tal trapaça com seres imperfeitos como nós. Bem aventurado aquele que crê, após ter entendido o mistério da existência. Aquele que entende, não precisa necessariamente ter visto. Temos que ver com o conhecimento. Temos capacidade de entender e acreditar em muitas coisas que nunca vimos, como o vento por exemplo. Alguém já viu a forma do vento? Alguém já viu um átomo de hidrogênio para dizer a sua forma e cor, a olho nu? E as bactérias e organismo do mundo invisível que causam tantas doenças, apesar de não ser visível a olho nu? Mas sabemos que existem, graças ao conhecimento e a tecnologia científica. Tem pessoas que não acreditam que tais microorganismos podem matar alguém, e de forma alguma, você consegue convencer essa pessoa que existem os microorganismos. Isso porque essa pessoa não tem conhecimento suficiente e não quer se preocupar com isso também. Nunca vi um espírito, mas sei que existe um dentro de mim. É uma questão de lógica e entendimento científico. Sem algo realmente vivo, uma matéria não anda, não pensa e não toma atitudes. Acredito em Deus sem vê-lo, mas isso não é uma questão de fé. É uma questão de conhecimento, de lógica. Para os cristãos, a bíblia é a palavra de Deus, e alguém é capaz de morrer por isso; para os Islamitas, o Alcorão é as palavras do profeta transmitidas por Alá, Deus de Abraão, o mesmo Deus dos cristãos; a Tora é a palavra de Deus para os judeus e eu poderia escrever páginas e páginas sobre esse assunto. Mas cada povo acha que só o seu livro sagrado é a palavra de Deus. E há controvérsias dentro de cada povo: São muitas as igrejas diferentes e oriundas da bíblia, em função de várias interpretações das palavras de Deus. Cada uma diz que a palavra de Deus é de uma forma, tais como: Os católicos, que Deus disse que é o domingo o dia o Senhor, o dia de descanso; que a mãe de Jesus está lá no céu, rogando por nós, que também está no céu, todos os outros milhares de santos que a igreja canonizou através dos papas; que ironia! Seres humanos transformando em santo, outros seres humanos e o que é mais incrível, determinando que eles estão nas graças do paraíso, ao lado de Deus. Os adventistas, afirmam que o sábado é o dia do Senhor e que nesse dia não se deve trabalhar, segundo um dos dez mandamentos escritos pelo dedo de Deus, conforme consta na bíblia em êxodo no capítulo 20; os pentecostais falam sobre outras coisas relacionadas aos mistérios dos nove dons espirituais mencionados em 1 Coríntios capítulo 14 – “Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, ...”; as testemunhas de Jeová, que afirmam que Deus proibiu a transfusão de sangue, e assim, todos acreditam e afirmam que está no caminho certo. Será que Deus disse uma coisa para cada doutrina, com as mesmas palavras? Será que a palavra de Deus tão perfeito é tão confusa, tão imperfeita? Uma palavra pode ser interpretada de várias formas, dependendo do gosto e da conveniência de cada um ou de cada grupo? Será que os apóstolos de Deus, também entenderam, cada um de um jeito? Será que eles entenderam mesmo as palavras proferidas pelos (ditos) emissários de Deus? Será que ao escrevê-las, cada um não sofreu influências do próprio pensamento e modo de ver as coisas. Será que tudo que escrevemos não é inspiração do mundo invisível? Ou será que tudo isso não passa de mais argumentos para alienar o povo como sempre fizeram desde o inicio da humanidade. Sinceramente, se Deus falar alguma coisa para qualquer que seja, certamente, essa pessoa vai entender muito bem e de forma clara. Afinal, Deus é a perfeição e saberia como fazer ou falar, qualquer coisa que não gerasse confusão nas cabeças de criaturas tão imperfeitas, como nós. “Deus conhece o futuro” Porque Deus ia querer que ficássemos em dúvidas ou em confusões mentais e filosóficas? Que houvesse tantas guerras por motivos de interpretações distintas?
Quem pode afirmar que a sua doutrina, ou a de outro qualquer, é a verdadeira verdade dos mistérios da existência? Que a sua igreja é a igreja única de Deus? Se um esta certo, naturalmente o outro e os outros estarão errados. Se estiverem errados, vão para o inferno? Claro que não. Todos atingirão a perfeição um dia, mesmo que leve toda a eternidade. Deus não perderá nem um sequer. Do contrário, teria que admitir um fracasso nos seus projetos. Um erro de planejamento não seria admissível para um ser absolutamente perfeito e que possui a onisciência. Já viu alguém tão perfeito cometer um engano? Não, Deus jamais cometeria enganos, visto que ele é Onipotente, Onisciente e Onipresente. Não erra e obviamente, não se arrepende. Não se arrepende, porque não erra. Não erra porque sabe tudo e pode tudo. Não faz nada errado porque erros, é para quem não sabe o que está fazendo. Deus sabe tudo, pode tudo e está em todos os lugares e em qualquer tempo da eternidade. Deus jamais errou, do contrário, Ele seria imperfeito e desconhecedor dos acontecimentos do tempo e da eternidade. E se Deus pode tudo, porque deixaria alguém, da sua própria natureza, da sua própria essência se perder? Antes de criar um ser espiritual, ele já saberia se essa pessoa iria se perder, e assim sendo, porque continuaria a criar essa pessoa sem o devido ajuste? Ele podendo tudo, daria um jeito para essa pessoa não se perder, ou simplesmente a deletaria. Não faria sentido criar uma pessoa, já sabendo que iria se perder. Por que insistir num projeto, sabendo de antemão, que será um fracasso? Deus não tem prazeres em ironias, sadismo ou coisas semelhantes. Lembro ainda que, nós somos espíritos (anjos) de Deus, logo, somos eternos. Já ouviu dizer que Deus destruiu algum anjo ou espírito qualquer? Foi por isso que os anjos rebeldes não foram destruídos e continuarão vivos eternamente. Espírito não destrói espírito. Nada destrói espírito. Espírito é imortal. Jamais você vai ouvir alguém dizer que um anjo foi destruído, ou um espírito qualquer.
Diante dessas lógicas, irrefutáveis, podemos pensar em muitas outras formas de entender a bíblia, sem ficarmos apavorados e perdidos. É só pensarmos em uma coisa de cada vez, procurando raciocinarmos em cada questão, até chegarmos a um denominador comum. Não deixe que a sua ansiedade, o desânimo e o medo, ou a preguiça mental, domine a sua mente e force-a, enganar você mesmo. Pense nas coisas simples, pois, o “simples é eficiente”.
A lagarta vive arrastando o corpo pesado, só pensa em alimentar-se de folhas e sua visão não chega a um palmo de mão, no entanto, ela morre e renasce com um corpo esbelto e leve. Voa alto e o seu objetivo na vida não é, mais, apenas comer como a lagarta. Somos muito parecidos com a lagarta. Corremos apenas atrás da comida e do dinheiro que, conseqüentemente leva ao poder, posição social, arrogância e outras porcariadas fétidas da natureza do ego. E o objetivo real da existência da vida? Deus já tem a sua divindade própria. Somos nós quem precisa adquirir a nossa divindade. Isso é pessoal. Só através do conhecimento é que chegaremos à perfeição. Conhecimento é o aprendizado daquilo que não conhecemos. Quando conhecermos tudo, chegaremos à perfeição. Não há outra forma de chegar à perfeição.
Já ouviu dizer que a salvação é pessoal? Não gosto de usar esse termo de salvação, visto que, segurameante, Deus não perdeu ninguém. Claro, como poderia o poderoso perder alguma coisa? Não seria então o Absoluto, o Perfeito. Se alguém perdeu alguma coisa que precisa ser salvo, somos nós. É possível que perdemos a perfeição e por isso, temos que correr atrás do prejuízo.
O caminho é o conhecimento. Deus permitiu que Adão e Eva, recebessem o fruto do conhecimento, apesar da incoerência do texto ao pé da letra. A partir de então, foi aceso o pavio do conhecimento, rumo à perfeição. Quantas vidas teremos que viver para atingir esse objetivo? Quantas forem necessárias. Sem medo de nascer e renascer. Sem medo de viver. Sem medo de ser feliz. Sem medo de aprender. Não dói nada. O conhecimento leva a sabedoria. A sabedoria é a alegria da alma.
Deve-se meditar, friamente, em cada uma dessas afirmações, para não cometer erro de análise. Do contrário, apague de sua mente.
Um guerreiro, às vezes, tem que recuar, quando percebe que a luta esta muito difícil. Um dia, ele volta mais preparado e com uma espada mais afiada para vencer a luta que deixou para trás.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Preservação da Amazônia - Tolerância zero


Amazônia deflorada, ou quase.
Isso acontece todos os dias. Nós sabemos.
Os governantes também.
Isso vai continuar até acabar com a nossa Amazônia, ou melhor, a Amazônia do planeta.
Depois vamos acabar com o resto do planeta e finalmente, vamos virar anjos e iremos destruir o céu.
No caso do inferno... bem, o inferno não corre esse risco. Claro. O Diabo não perdoa ninguém. Lá, no inferno, é tolerância zero no que se diz respeito ao sistema de preservação dos seus maus-costumes. O Diabo é mais esperto que os humanos.
Josué

domingo, 7 de junho de 2009

Help Tupy-Caetés - Escritor: Josué G. de Araújo

Uma das Crônicas do livro - Apagando as pegadas
(Em 27 de outubro de 2002, aos 57 anos de idade, com quase 53 milhões de votos, Luiz Inácio Lula da Silva é eleito Presidente da República Federativa do Brasil. Esse artigo (abaixo) foi publicado no editorial do Jornal “Destaque News”, da região de Tietê, 13 dias depois da eleição).


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Help Tupy-Caetés

Quem nunca sonhou com a pátria amada, amada e cantada em coro, por todos os brasileiros?“...Ó pátria amada, idolatrada, salve! Salve!” São poucas as oportunidades para celebrar festas cívicas, ou extravasar sentimentos patrióticos. Mas, finalmente, estamos vivendo um momento oportuno. Algo novo aconteceu na política; não uma política nova, pois, sabemos que a política é mais velha que a própria humanidade. O primeiro ato político de que se tem notícia ocorreu quando da rebelião dos anjos, época em que ainda não havia sido gerado o primeiro filho na terra. O pavio da explosão demográfica não havia sido aceso. Um dos mais poderosos e inteligentes dos anjos, Lúcifer, liderou a terça parte dos soldados angelicais, objetivando destronar o Criador. Houve guerra, mas os anjos rebeldes foram derrotados e expulsos dos céus. A política, também, foi a causa do primeiro assassinato humano. Segundo a Bíblia, Caim matou Abel em uma disputa de influência, pois ambos queriam agradar a Deus. A existência de um ser humano é precedida por uma guerra de milhões de espermatozóides, na disputa por um óvulo. Após o nascimento, a política continua na luta pela sobrevivência; sobrevivência da própria vida, a qual, dela, nós não temos consciência de nada, nem mesmo se optamos por aceitá-la. Mas o fato é que, até sonhando, fazemos política. A política sempre foi usada como um instrumento do bem e do mal. Sonhamos com o que de melhor ela pode nos proporcionar, mas o fato de a maioria dos nossos sonhos se transformarem em pesadelos não nos impede de continuar sonhando. Conclusão, os ares do Brasil, com o oxigênio renovado, fizeram-me sonhar novamente: noite escura e a selva em silêncio; ao redor das fogueiras, concentravam-se os brasilíndios, cansados e céticos; de repente, de dentro da pequena oca, saiu o Pajé Caeté, limpando a garganta. Todas as atenções se voltaram para ele, quando começou a falar: - Companheiros, que ninguém jamais duvide da classe trabalhadora.Duas lágrimas cintilantes, refletindo o brilho das fogueiras, escapavam de suas “retinas fadigadas”. E das lágrimas, surgiram dois colibris; um deles, com penas de cor verde-esperança, e o outro de cor vermelho-fogo transformador; ambos desafiavam a lei da gravidade, ora voando para trás, ora pairando no ar e, depois, investindo sobre os companheiros. Tão rápido surgiram, tão rápido sumiram. A mensagem ficou no ar. Um grito quebrou o encanto – Lula lá!!! - Ouviram da Paulista, nas calçadas, de um povo bem cansado, um brado retumbante: Lula lá. Rufaram os tambores. Os dançarinos iniciaram os seus rituais... Lula lá, Lula lá... Foi demais. Eu me deixei contagiar; sonhei novamente, afinal, eu sou humano! Prova disso era aquele nó sufocante na garganta; acontece sempre que eu sonho; e para completar, entoaram também aquele hino nacional para arrebentar o meu peito. Lembro ainda que isso só acontecia momentos antes de entrar na sala de aula, quando eu estudava na escola primária. Lembro-me bem! Todos em fila com a mão direita no coração, - “... iluminado sol do novo mundo”. Novo mundo, ou novo Brasil? Sabíamos o hino na ponta da língua. Bem ao longe, os pais, despreocupados, podiam ouvir aquele coro infantil; aquelas vozes angelicais, cheias de orgulho e esperança; crianças transbordando de sentimento patriótico acreditavam no que os professores costumavam repetir - “As crianças de hoje, serão os homens de amanhã”, aliás, frase que não se ouve mais. Será que os mestres não têm mais certeza do futuro dos seus pupilos? Bem, eu cheguei ao futuro do passado! Sou homem do futuro, ou melhor, de hoje. O hino agora é mais curto. Fácil. Afinal, não temos tanto patriotismo como antigamente. Lula lá. Brilha uma estrela... Lula lá. Letra escrita na linguagem Tupy-Caetés. Lula lá, quer dizer, Pajé na grande Taba.Sim. Voltei a sonhar, mas quando vi nos olhos da namoradinha do Brasil, o tamanho do medo de ser feliz, suspirei fundo. Pensando bem, acho melhor apelar para o grande Tupã; ao conselho dos ancestrais, se não fizer bem, mal é que não vai fazer, mas, é providencial rogar a eles que protejam o Pajé Caetés, afastando-o das tentações, e livrem-no do assédio dos Caruanas nacionais de más intenções; que o Pajé lembre sempre que a nossa dança não deve se restringir aos salões do Congresso, em devaneios ao som das valsas, e sim, ao som dos atabaques, nas entranhas das florestas ao redor das fogueiras; dançando, cantando, gritando, suando o corpo e machucando a sola dos pés, clamando obviamente aos bons espíritos que afugentem todos os maus espíritos, inclusive, os piratas europeus, dos “MULTI’s”, dos “YE´S” e “OK’s”, discípulos do DRÁCULA, que insistem em explorar as cavernas desprotegidas do “Brazil”, ou melhor, do BRASIL; que apesar de ele ter substituído a sua tanga pelo terno, e o colar de dentes de javali pela gravata de seda importada, jamais deixe de falar a língua Tupy-Caetés. A língua que todos nós entendemos; que esse novo hino, Lula lá, não se transforme em um samba popular de “lara lara”, “pizza lá” e outros “laiás, laiás”; que a fumaça sem óxido do cachimbo do Pajé Caeté possa ser o antídoto que eliminará todos os óxidos nocivos que poluem os ares brasileiros dos brasilíndios, que hoje vivem asilados em seu próprio país; e por último, que não me despertem desse sonho, pois não tenho mais cartas nas mangas, e esse é o meu último sonho, sem medo de ser feliz.


Josué

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