A culpa é do contribuinte, do usuário, ou melhor, a culpa é sempre do otário do povo. O povo sou eu, é você, somos nós. Vamos ao fato:
Toda manhã, bem de manhã, embora o céu sereno, eu sempre creio que o dia será lindo e radiante, sem a mais tênue ameaça de que um temporal possa desabar. Essa manhã, a procela bramiu forte na minha vida de povo. Um raio atingiu o meu peito com toda a violência da natureza. Em segundos, tudo escureceu, ou melhor, voltou à normalidade. Fui salvo da descarga elétrica pelo meu cartão único pendurado ao pescoço. Muito bem, lá fui eu, feliz por estar vivo, apesar de trabalhador classe “dalits”, desci a escada rolante da estação do metro brigadeiro e calquei o meu cartão único na catraca. “Surpresa!” Bloqueado. Intocável? Não! Bloqueado. Você está bloqueado, bloqueado,...
Como assim? Bloqueado? No caixa do bilhete único me informaram que, realmente, o meu bilhete único estava bloqueado. Fui encaminhado para uma agência do SPTRAN. “Surpresa”. Outra surpresa.
- O senhor fez uma ligação para o “0800...”, ontem às cinco horas da tarde e solicitou o bloqueio do seu cartão único.
- Eu? E por que faria isso, se eu não perdi o meu cartão? E como podem afirmar que se tratava da minha pessoa?
- Solicitamos a confirmação dos seus dados cadastrais e o senhor nos confirmou.
- Sinto desapontá-la, senhorita, mas eu não telefonei para o tal 0800, e não solicitei o bloqueio do meu cartão. Por favor, poderia desbloquear?
- Claro, senhor, mas será descontada a importância de dezesseis reais. Taxa de custo de sistema.
- O que? O que? O que? Alguém liga para o sistema e pede para bloquear o meu cartão, sem o meu conhecimento, e depois eu ainda tenho que pagar para desbloqueá-lo? A culpa é minha?
Coloquei em dúvida a eficiência do sistema – “o sistema não poderia ter errado, recebido um comando indevido, voluntário ou involuntário?” Mesmo assim, a funcionária me disse que eu devia pagar. “Alguém da minha empresa, um adversário, um ex-colega de trabalho, com o intuito de me sacanear, não poderia ter se passado por mim?
- Claro senhor! Isso é perfeitamente possível, mas mesmo assim, o senhor tem que pagar a taxa para desbloqueá-lo.
Solicitei um encarregado e não demorou, a funcionária voltou com a encarregada, Dona Geralda. Disse a ela que eu me sentia totalmente inseguro com o sistema do bilhete único; que se eu tivesse que pagar essa maldita taxa, eu levaria o caso pro PROCON, pra mídia, pra internet; que eu enviaria e-mail pro Prefeito, pro Governador, pro Presidente...
- O senhor esta no seu direito. Eu lamento não poder fazer nada para isentá-lo dessa taxa. O sistema já absorveu os nove reais e oitenta centavos de crédito que o senhor possuía no cartão, e o que vou fazer, pelo senhor, é efetuar a liberação do cartão, mas o valor debitado, o senhor já perdeu. Muitos usuários esquecem o cartão em algum bolso do paletó e pede para bloquear o cartão, mas quando o encontra, alega, em alguns casos, que não solicitou a medida de segurança. Tudo para se livrar da taxa. Reconheço que não é o seu caso, mas o sistema não tem outra solução para essa questão. – A Dona Geralda era calma, preparada para atender casos como o meu. Não aceitou as minhas provocações, manteve-se calma e eu até fui com a cara dela, mas protestei assim mesmo.
“Serei sempre culpado, se o meu cartão for bloqueado, não é mesmo? Não importa a existência de verdadeiros culpados anônimos. Se alguém se passar por mim ao telefone – a culpa é minha; se um digitador do sistema errar no dedo – a culpa é minha; se alguém roubar o meu cartão e eu alertar o sistema – a culpa é minha; se..., bem, a culpa é sempre minha. Quem manda ser povo? Ou dalits?
Sai do SPTRAN da rua quinze de novembro, levando sobre o peito, um novo cartão, mas, lá dentro desse mesmo peito, batia um coração frustrado, impotente, se apertando, sofrendo as dores de uma desilusão "municipalestadual".
Toda manhã, bem de manhã, embora o céu sereno, eu sempre creio que o dia será lindo e radiante, sem a mais tênue ameaça de que um temporal possa desabar. Essa manhã, a procela bramiu forte na minha vida de povo. Um raio atingiu o meu peito com toda a violência da natureza. Em segundos, tudo escureceu, ou melhor, voltou à normalidade. Fui salvo da descarga elétrica pelo meu cartão único pendurado ao pescoço. Muito bem, lá fui eu, feliz por estar vivo, apesar de trabalhador classe “dalits”, desci a escada rolante da estação do metro brigadeiro e calquei o meu cartão único na catraca. “Surpresa!” Bloqueado. Intocável? Não! Bloqueado. Você está bloqueado, bloqueado,...
Como assim? Bloqueado? No caixa do bilhete único me informaram que, realmente, o meu bilhete único estava bloqueado. Fui encaminhado para uma agência do SPTRAN. “Surpresa”. Outra surpresa.
- O senhor fez uma ligação para o “0800...”, ontem às cinco horas da tarde e solicitou o bloqueio do seu cartão único.
- Eu? E por que faria isso, se eu não perdi o meu cartão? E como podem afirmar que se tratava da minha pessoa?
- Solicitamos a confirmação dos seus dados cadastrais e o senhor nos confirmou.
- Sinto desapontá-la, senhorita, mas eu não telefonei para o tal 0800, e não solicitei o bloqueio do meu cartão. Por favor, poderia desbloquear?
- Claro, senhor, mas será descontada a importância de dezesseis reais. Taxa de custo de sistema.
- O que? O que? O que? Alguém liga para o sistema e pede para bloquear o meu cartão, sem o meu conhecimento, e depois eu ainda tenho que pagar para desbloqueá-lo? A culpa é minha?
Coloquei em dúvida a eficiência do sistema – “o sistema não poderia ter errado, recebido um comando indevido, voluntário ou involuntário?” Mesmo assim, a funcionária me disse que eu devia pagar. “Alguém da minha empresa, um adversário, um ex-colega de trabalho, com o intuito de me sacanear, não poderia ter se passado por mim?
- Claro senhor! Isso é perfeitamente possível, mas mesmo assim, o senhor tem que pagar a taxa para desbloqueá-lo.
Solicitei um encarregado e não demorou, a funcionária voltou com a encarregada, Dona Geralda. Disse a ela que eu me sentia totalmente inseguro com o sistema do bilhete único; que se eu tivesse que pagar essa maldita taxa, eu levaria o caso pro PROCON, pra mídia, pra internet; que eu enviaria e-mail pro Prefeito, pro Governador, pro Presidente...
- O senhor esta no seu direito. Eu lamento não poder fazer nada para isentá-lo dessa taxa. O sistema já absorveu os nove reais e oitenta centavos de crédito que o senhor possuía no cartão, e o que vou fazer, pelo senhor, é efetuar a liberação do cartão, mas o valor debitado, o senhor já perdeu. Muitos usuários esquecem o cartão em algum bolso do paletó e pede para bloquear o cartão, mas quando o encontra, alega, em alguns casos, que não solicitou a medida de segurança. Tudo para se livrar da taxa. Reconheço que não é o seu caso, mas o sistema não tem outra solução para essa questão. – A Dona Geralda era calma, preparada para atender casos como o meu. Não aceitou as minhas provocações, manteve-se calma e eu até fui com a cara dela, mas protestei assim mesmo.
“Serei sempre culpado, se o meu cartão for bloqueado, não é mesmo? Não importa a existência de verdadeiros culpados anônimos. Se alguém se passar por mim ao telefone – a culpa é minha; se um digitador do sistema errar no dedo – a culpa é minha; se alguém roubar o meu cartão e eu alertar o sistema – a culpa é minha; se..., bem, a culpa é sempre minha. Quem manda ser povo? Ou dalits?
Sai do SPTRAN da rua quinze de novembro, levando sobre o peito, um novo cartão, mas, lá dentro desse mesmo peito, batia um coração frustrado, impotente, se apertando, sofrendo as dores de uma desilusão "municipalestadual".
Josué
quais os dados que precisaam ser passados para desbloquear?
ResponderExcluirErrar um dígito concordo, mas o atendente ter os seus dados, CPF e RG aí é estranho......
ResponderExcluirEstou neste exato momento com o mesmo problema, acabei de pegar a senha 274 e no visor está 209...Não cancelei meu cartão .Tempo para ser atendido? Só 3 horas e 45 minutos .Será q meu patrão vai entender? ???
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