quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Diário Crítico

Cutucando a onça com vara curta
Outro dia, eu conversava com o Josué Gonçalves de Araújo, e ele me disse achar que, a seu ver, o Brasil nunca esteve tão bem, em toda a sua história, quanto agora, com uma economia em franco crescimento. Eu, então, me limitei a lhe perguntar como pode achar isso, se o País, com uma população de cerca de 200 milhões de habitantes, tem cerca de 70 milhões de pessoas (ou seja, cerca de 30%) dependentes do Bolsa família, e apenas cerca de 25 milhões de trabalhadores com carteira assinada (ou seja, cerca de 12%).
Foi só isso o que eu coloquei, mas ele não deixou por menos e me acusou de não gostar do Lula, por isso vejo apenas o que acho ruim no seu governo. Respondi-lhe que não acho nada, porque, achar ou não achar, não tem a menor importância.
- Lula pouco me importa, como pouco me importaram todos SOS outros governantes anteriores, desde Getúlio Vargas. Importa-me o sistema vigente no Brasil, que é o feudal, desde as capitanias hereditárias. Para se dar bem, é preciso que se seja amigo do rei, e eu nunca fui amigo de rei nenhum. Por isso, nunca fui embora para Pasárgada. Em minha vida toda segui aquilo que dizem do espanhol: Hay gobierno? Yo soy contra.
- Por isso, age como um amigo meu, que apoiou os militares e é malufista até hoje: só recorta jornal dos jornais os dados negativos do governo Lula, nunca os positivos – ouvi como contra-argumento.
- O senhor me respeita! Não me conhece o suficiente, para fazer esse tipo de comparação. Uma coisa que aprendi na vida é que só a verdade pode nos libertar, e isso foi o que sempre fiz e não vou deixar de fazer. Se a população do Brasil equivale a 3% da população mundial e o seu PIB não chega a 0,5% do PIB mundial, como pode a economia do País ser tão robusta, como dizem que é? A capacidade de pensar em termos lógicos e concretos é essencial para um escrito, e você, em sua predisposição mental para aceitar determinadas opiniões alheias sem analisá-las, está impedindo ou dificultando que chegue às conclusões as mais simples. Está precisando aprender a raciocinar melhor com a própria cabeça.
Eu, que acreditei que estava acrescentando mais um ex-amigo à longa lista daqueles que não agüentaram as minhas impertinências, tive a grande surpresa de ouvir Josué Gonçalves de Araújo me dizer:
- Acho que você tem razão. Por que não escreve uma coluna no meu blog na internet explicando tudo isso? Tem muito a ensinar a quem quer aprender. E eu quero aprender.
Essa é a razão deste Diário Crítico, no qual tentarei excogitar erros e ignorâncias dos quais não me excluo.
*
Escritor e Editor: Benedicto Luz e Silva
1º lugar (Medalha de Ouro) no segundo concurso para a outorga do
“PRÊMIO NACIONAL CLUBE DO LIVRO
Com o livro: “Um corpo na chuva” – Romance com 150 Pg.
Editora Clube do Livro Ltda – 1972.

***

A honestidade é inviável as regras básicas da política
Por: Josué Gonçalves de Araújo

“Descobri o escritor Benedicto Luz e Silva recolhido em sua sala no Edifício da Paz, no centro de São Paulo. Ele passa as manhas em sua sala, só, com os milhares de livros. Quando soube de um escritor solitário, naquele edifício, exigi que me levassem até ele. Deixaram-me dentro da sua sala, na sua presença e eu me apresentei como um discípulo procurando um mestre. Assim começou o nosso relacionamento literário. Quando eu falo besteira, o mestre explode, mas quando percebe que eu não o deixarei, então, tudo fica bem.”

Cutuquei a onça...

Aliás, eu descobri, muito cedo na vida, que se você quer ser um sábio, deve andar com uma “varinha curta” pendurada no pescoço. Não tem nada a ver com as fadas, os bruxos, regência de orquestra, não, a varinha é para você, jamais perder uma oportunidade de cutucar, toda e qualquer onça que passar a sua frente. É assim que um dia, talvez, você se torne um tomador de onças. Foi Sócrates quem disse: “Conheça a ti próprio e estarás montado em um tigre”, eu vos digo, conheça a ti mesmo, cutucando onças.
Relativamente, às afirmações feitas por mim, que tanto sensibilizou o intelecto do meu mestre de literatura, para a questão da economia do Brasil, eu assumo: é verdade. Eu disse mesmo, mas é assim que cutuco as onças. Não resisto a proximidade de uma onça sem dar-lhe uma cutucada. Não ponho a mão no fogo por nem um político. Não é que seja impossível, a honestidade para um ou outro político, na verdade, a honestidade é inviável as regras básicas da política. Um político honesto não esquenta o assento da sua cadeira. As minhas afirmações foram oriundas de um pequeno fato real; No exercício da minha função em uma Administradora de imóveis, eu portava uma relação de imóveis para locação, com 300 imóveis que mensalmente, baixavam-se 10% e lançavam-se novos imóveis, na mesma proporção. Isso se manteve inalterado por mais de 8 anos e, nos últimos 2 anos, essa lista diminuiu. Mensalmente e gradativamente, o ritmo das locações foi acelerado e, atualmente, não tenho mais nem uma lista de imóveis vagos. Será que aquelas pessoas que moravam com a sogra, com os pais, com os cunhados ou nas ruas, passaram a ter maior ganho, a ponto de viabilizar a locação de um imóvel? O índice das vendas no ramo imobiliário, também, foi maior. Nada aconteceu no meu bolso, mais posso afirmar com absoluta convicção que lá fora, mais pessoas, nos últimos dois anos se deram melhor, que nos meus improdutivos oito anos, anteriores. As pessoas podem mudar de partido político ou podem ser desmascarados quando usam máscaras, mas a sua verdadeira ideologia é imutável.

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