sábado, 4 de julho de 2009

Sem medo de ser feliz - Lula lá?

(Em 27 de outubro de 2002, aos 57 anos de idade, com quase 53 milhões de votos, Luiz Inácio Lula da Silva é eleito Presidente da República Federativa do Brasil. Escrevi e enviei o artigo (abaixo), que foi publicado no editorial do Jornal “Destaque News”, da região de Tietê, 13 dias depois).

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Help Tupy-Caetés
(Crônica do livro - Apagando as pegadas do autor Josué G. Araujo)
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Quem nunca sonhou com a pátria amada, amada e cantada em coro, por todos os brasileiros?
“...Ó pátria amada, idolatrada, salve! Salve!”
São poucas as oportunidades para celebrar festas cívicas, ou extravasar sentimentos patrióticos. Mas, finalmente, estamos vivendo um momento oportuno. Algo novo aconteceu na política; não uma política nova, pois, sabemos que a política é mais velha que a própria humanidade. O primeiro ato político de que se tem notícia ocorreu quando da rebelião dos anjos, época em que ainda não havia sido gerado o primeiro filho na terra. O pavio da explosão demográfica não havia sido aceso.
Um dos mais poderosos e inteligentes dos anjos, Lúcifer, liderou a terça parte dos soldados angelicais, objetivando destronar o Criador. Houve guerra, mas os anjos rebeldes foram derrotados e expulsos dos céus. A política, também, foi a causa do primeiro assassinato humano. Segundo a Bíblia, Caim matou Abel em uma disputa de influência, pois ambos queriam agradar a Deus.
A existência de um ser humano é precedida por uma guerra de milhões de espermatozóides, na disputa por um óvulo. Após o nascimento, a política continua na luta pela sobrevivência; sobrevivência da própria vida, a qual, dela, nós não temos consciência de nada, nem mesmo se optamos por aceitá-la. Mas o fato é que, até sonhando, fazemos política. A política sempre foi usada como um instrumento do bem e do mal. Sonhamos com o que de melhor ela pode nos proporcionar, mas o fato de a maioria dos nossos sonhos se transformarem em pesadelos não nos impede de continuar sonhando.
Conclusão, os ares do Brasil, com o oxigênio renovado, fizeram-me sonhar novamente: noite escura e a selva em silêncio; ao redor das fogueiras, concentravam-se os brasilíndios, cansados e céticos; de repente, de dentro da pequena oca, saiu o Pajé Caeté, limpando a garganta. Todas as atenções se voltaram para ele, quando começou a falar:
- Companheiros, que ninguém jamais duvide da classe trabalhadora.
Duas lágrimas cintilantes, refletindo o brilho das fogueiras, escapavam de suas “retinas fadigadas”. E das lágrimas, surgiram dois colibris; um deles, com penas de cor verde-esperança, e o outro de cor vermelho-fogo transformador; ambos desafiavam a lei da gravidade, ora voando para trás, ora pairando no ar e, depois, investindo sobre os companheiros. Tão rápido surgiram, tão rápido sumiram. A mensagem ficou no ar.
Um grito quebrou o encanto – Lula lá!!! -
Ouviram da Paulista, nas calçadas, de um povo bem cansado, um brado retumbante: Lula lá. Rufaram os tambores. Os dançarinos iniciaram os seus rituais... Lula lá, Lula lá... Foi demais. Eu me deixei contagiar; sonhei novamente, afinal, eu sou humano! Prova disso era aquele nó sufocante na garganta; acontece sempre que eu sonho; e para completar, entoaram também aquele hino nacional para arrebentar o meu peito.
Lembro ainda que isso só acontecia momentos antes de entrar na sala de aula, quando eu estudava na escola primária. Lembro-me bem! Todos em fila com a mão direita no coração, - “... iluminado sol do novo mundo”. Novo mundo, ou novo Brasil? Sabíamos o hino na ponta da língua. Bem ao longe, os pais, despreocupados, podiam ouvir aquele coro infantil; aquelas vozes angelicais, cheias de orgulho e esperança; crianças transbordando de sentimento patriótico acreditavam no que os professores costumavam repetir - “As crianças de hoje, serão os homens de amanhã”, aliás, frase que não se ouve mais. Será que os mestres não têm mais certeza do futuro dos seus pupilos?
Bem, eu cheguei ao futuro do passado! Sou homem do futuro, ou melhor, de hoje. O hino agora é mais curto. Fácil. Afinal, não temos tanto patriotismo como antigamente. Lula lá. Brilha uma estrela... Lula lá. Letra escrita na linguagem Tupy-Caetés. Lula lá, quer dizer, Pajé na grande Taba.
Sim. Voltei a sonhar, mas quando vi nos olhos da namoradinha do Brasil, o tamanho do medo de ser feliz, suspirei fundo. Pensando bem, acho melhor apelar para o grande Tupã; ao conselho dos ancestrais, se não fizer bem, mal é que não vai fazer, mas, é providencial rogar a eles que protejam o Pajé Caetés, afastando-o das tentações, e livrem-no do assédio dos Caruanas nacionais de más intenções; que o Pajé lembre sempre que a nossa dança não deve se restringir aos salões do Congresso, em devaneios ao som das valsas, e sim, ao som dos atabaques, nas entranhas das florestas ao redor das fogueiras; dançando, cantando, gritando, suando o corpo e machucando a sola dos pés, clamando obviamente aos bons espíritos que afugentem todos os maus espíritos, inclusive, os piratas europeus, dos “MULTI’s”, dos “YE´S” e “OK’s”, discípulos do DRÁCULA, que insistem em explorar as cavernas desprotegidas do “Brazil”, ou melhor, do BRASIL; que apesar de ele ter substituído a sua tanga pelo terno, e o colar de dentes de javali pela gravata de seda importada, jamais deixe de falar a língua Tupy-Caetés. A língua que todos nós entendemos; que esse novo hino, Lula lá, não se transforme em um samba popular de “lara lara”, “pizza lá” e outros “laiás, laiás”; que a fumaça sem óxido do cachimbo do Pajé Caeté possa ser o antídoto que eliminará todos os óxidos nocivos que poluem os ares brasileiros dos brasilíndios, que hoje vivem asilados em seu próprio país; e por último, que não me despertem desse sonho, pois não tenho mais cartas nas mangas, e esse é o meu último sonho, sem medo de ser feliz.

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