quarta-feira, 15 de abril de 2009

Mel, abelhas e florestas, sim, Canaviais, não.


Em viagem de férias para o Pontal do Paranapanema eu constatei a falta de consciência ecológica do nosso povo. Pela janela do carro, a paisagem é desoladora. Os olhos viajam e se perdem no infinito verde das plantações de cana. Os canaviais começam nas margens da rodovia e se unem ao céu na linha do horizonte. Um tapete verde sem uma única arvore para uma garça branca ou um carcará negro pousar.
Na preparação da terra para a plantação da cana, soube por um tratorista, que: Durante o dia a escavadora gigante abre enorme valas e a noite, as arvores são amarradas com correntes, derrubadas e arrastadas para essas valas, onde são enterradas. Tudo acontece na calada da noite. Na manhã seguinte, como por um truque de mágica, não se vê uma daquelas arvores, onde na tarde anterior, pousavam e cantavam alegremente as graúnas, as maracanãs e os bem-te-vis.
Também vi com os meus próprios olhos e o coração apertado, várias queimadas de áreas com plantações de cana destinadas ao uso das usinas. O horizonte negro se iluminava com gigantes labaredas e nuvens de fumaça. A queima é uma etapa que precede ao corte da cana pelos bóias-fria explorados.
Ateiam fogo de forma que tudo termine no centro da área, impedindo, cruelmente, que os animais como: Cachorros do mato, aves com seus ninhos e filhotes, cobras, sapos, e outros, tentem se livrarem da morte.
No futuro vamos nos orgulhar de ser o maior produtor de álcool, mas vamos nos envergonhar por ter destruído o nosso meio ambiente. A devastação das arvores; a queima da nossa fauna, a poluição do ar e todas as conseqüências decorrentes da nossa estupidez.
Mas nem tudo nas minhas férias foi digno de lamento, participei de uma coleta de mel com alguns apicultores na região de Diamante do Norte - PR. Uma pequena associação de apicultores luta para conseguir produzir e vender mel. Visitei vários apiários em áreas destinadas a reservas florestais legais e areas de preservação permanente que objetivam evitar o assoreamento de rios. Apiários precisam de matas e florestas solitárias, silenciosas e, isso é auspicioso para a natureza. Apoio essa idéia.
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“O ano de 2008, mesmo cheio de desafios para o setor apícola brasileiro, terminou com valores positivos e preço recorde. O setor dobrou o valor das exportações, alcançando US$ 43,57 milhões, e aumentou em 42% - 18,27 mil toneladas - o volume negociado com o externo em relação a 2007, quando foram comercializadas 12,9 mil toneladas, com faturamento de US$ 21,2 milhões.”
“Os dados constam do levantamento consolidado pelo analista da Unidade de Agronegócios do Sebrae e coordenador nacional da Rede Apicultura Integrada Sustentável (Rede Apis), Reginaldo Resende.”
"· texto do Engº Agrº Pedro Francio Filho Divisão Florestal e Agroflorestal PLANAPEC Planejamento Agropecuário LTDA no site:
http://painelflorestal.com.br."
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Que o Brasil seja o maior exportador de mel do planeta, ao invés de álcool. A floresta, as flores e as abelhas protegem a vida e a natureza. A cana é doce, mas, o fogo da estupidez humana a deixa muito azeda.

Um comentário:

  1. Meu grande amigo, o que vc relata em seu artigo é uma realidade nua e crua, infelismente os nossos governantes só está pensando em um produto alternativo que substitua o ouro negro. Sei que temos que procurar altenativas energéticas mas não a qualquer preço, aqui no Paraná e em outras regiões terras destinadas para produção de alimentos está sendo gradativamente migrando para a cana.As usinas na calada da noite arrancam as àrvores ali existente (peroba, ipês,etc), e contribuindo para a diminuição da biodiversidade. Hoje a apicultura é uma atividade geradora de renda para o pequeno e médio produtor rural uma vez que ele é obrigado a recompor a reserva legal (20% da área da propriedade) e a área de preservação permanete (no minimo de 30 metros á 500 metros) de acordo da largura do curso de água. A associação que vc menciona na matéria foi constítuida no ano de 2004 para organizar os apicultores de Diamante do Nore, Terra Rica , Distrito de Adhemar de Barros e Itaúna do Sul, os mesmo recebem capacitações como produzir o mel com qualidade e orientação na preservação ambiental com o plantio de árvores nativas para produção do néctar que é o alimento das abelhas que é convertido em mel.

    Tadeu

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