sábado, 28 de dezembro de 2024

 

Preconceito e machismo no mundo da arte

(preconceito contra as mulheres que tentaram praticar a Arte na música, poesia, teatro e pintura.)

 

O preconceito contra as mulheres na arte tem raízes profundas e históricas. Desde o século 19, as mulheres enfrentaram barreiras significativas para ingressar e serem reconhecidas no mundo artístico. Elas eram frequentemente proibidas de frequentar escolas de arte e só podiam estudar em ateliês financiados por famílias ou academias particulares que as aceitavam.

Mesmo quando conseguiram ingressar no meio artístico, as mulheres muitas vezes eram relegadas ao papel de musas inspiradoras, em vez de criadoras. A desigualdade de gênero persistiu, com obras de mulheres representando uma minoria nos museus e exposições. Por exemplo, em 2017, o grupo feminista Guerrilha Girls destacou que apenas 6% dos nomes em exposições no Museu de Arte de São Paulo (MASP) eram femininos, apesar de 60% dos nus representados serem mulheres.

Apesar dessas barreiras, muitas mulheres artistas conseguiram se destacar e contribuir significativamente para a arte. Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, por exemplo, foram pioneiras no Modernismo brasileiro. No entanto, o preconceito e a desigualdade ainda existem, e as mulheres continuam a enfrentar desafios para serem reconhecidas e respeitadas no mercado artístico.

 Exemplos de mulheres que sofreram preconceitos

1.     Anita Malfatti: Uma das pioneiras do Modernismo brasileiro, Anita enfrentou críticas severas e até mesmo humilhações por suas obras inovadoras. Sua primeira exposição individual em 1914 foi recebida com tanto escárnio que ela quase abandonou a carreira.

2.     Tarsila do Amaral: Considerada uma das figuras centrais do Modernismo brasileiro, Tarsila enfrentou desafios como a falta de reconhecimento inicial e a necessidade de se mudar para a Europa para estudar e se desenvolver como artista.

3.     Anna Maria Maiolino: Nascida na Itália, Anna Maria enfrentou preconceitos tanto por ser estrangeira quanto por ser mulher. Ela trabalhou como empregada doméstica para sustentar seus filhos enquanto desenvolvia seu trabalho artístico.

4.     Zê Charone: A atriz e produtora brasileira enfrentou preconceitos desde o início de sua carreira no teatro, sendo comparada a uma prostituta por simplesmente dizer que era atriz.

5.     Mayara Yamada: Performance artist, Mayara enfrentou ataques e críticas por seu trabalho que lida diretamente com seu corpo e temas de identidade e gênero.

Essas mulheres, entre muitas outras, mostraram resiliência e determinação ao superar os obstáculos impostos pelo preconceito e machismo no mundo da arte. 

No caso da música

  No campo da música, muitas mulheres talentosas enfrentaram preconceitos e barreiras ao longo dos anos.  

1.     Billie Holiday: Enfrentou racismo e sexismo ao longo de sua carreira. Sua luta contra a discriminação racial é bem documentada, e ela enfrentou muitos obstáculos para ser reconhecida pelo seu talento.

2.     Nina Simone: Além de ser uma musicista fenomenal, Simone foi uma ativista dos direitos civis. Ela enfrentou tanto racismo quanto sexismo, e sua música muitas vezes refletia suas lutas pessoais e políticas.

3.     Madonna: Ao longo de sua carreira, Madonna quebrou muitas barreiras para as mulheres na música pop, mas enfrentou críticas severas e muitas vezes misóginas pela sua atitude ousada e provocativa.

4.     Aretha Franklin: A "Rainha do Soul" teve que lutar contra o sexismo na indústria musical para se estabelecer como uma das maiores cantoras de todos os tempos.

5.     Björk: Conhecida por sua originalidade e criatividade, Björk frequentemente fala sobre o sexismo na indústria musical, incluindo a dificuldade de ser reconhecida como produtora de suas próprias músicas.

6.     Tina Turner: Sua carreira foi marcada por uma luta pessoal e profissional para superar o abuso doméstico e o controle de seu marido, além de enfrentar preconceitos na indústria musical.

7.     Marisa Monte: No Brasil, Marisa Monte enfrentou desafios para ser reconhecida como uma das grandes cantoras e compositoras da música popular brasileira, muitas vezes tendo que provar seu valor em um ambiente dominado por homens.

8.     Chiquinha Gonzaga

Pioneira na música brasileira e uma figura importante na história da música popular do país. Nascida em 17 de outubro de 1847 no Rio de Janeiro, ela foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e a autora da famosa marcha carnavalesca "Ó Abre Alas", composta em 18991.

Além de sua contribuição musical, Chiquinha também foi uma abolicionista fervorosa e lutou pelos direitos autorais dos músicos e autores teatrais. Ela enfrentou muitos desafios como mulher em uma sociedade patriarcal, mas sua determinação e talento a levaram a se destacar em um campo dominado por homens.

Chiquinha Gonzaga foi uma figura extraordinária na música brasileira.

Carreira Musical

  • Primeiras Composições: Começou a compor desde jovem, com destaque para a cantiga de Natal "Canção dos Pastores" aos 11 anos.
  • Primeira Marchinha de Carnaval: Compositora da famosa marcha "Ó Abre Alas" em 1899, que se tornou um clássico do carnaval brasileiro.
  • Primeira Regente: Foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, combinando elementos populares e eruditos em suas composições.
  • Defesa dos Direitos Autorais: Fundou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais e lutou pela proteção dos direitos autorais dos músicos e autores teatrais.

Contribuições Sociais

  • Abolicionista: Ativa na luta contra a escravidão, Chiquinha vendeu partituras para arrecadar recursos para a Confederação Abolicionista.
  • Legado: Em 2012, foi instituído o Dia da Música Popular Brasileira em sua homenagem, comemorado em 17 de outubro, seu aniversário.

Chiquinha Gonzaga deixou um legado duradouro na música brasileira, sendo uma pioneira e uma figura inspiradora para muitas gerações. 

Essas mulheres e muitas outras demonstraram resiliência e talento extraordinários, superando preconceitos para deixar um impacto eterno no mundo da música.

No teatro

Dercy Gonçalves foi uma das mais populares comediantes brasileiras do século XX, mas enfrentou diversos preconceitos ao longo de sua carreira. Aqui estão alguns dos principais desafios que ela superou:

Preconceitos de Gênero

  • Machismo no Humor: Dercy frequentemente discutia o preconceito contra as mulheres no humor. Ela enfrentou a censura e a resistência de um ambiente dominado por homens, onde o humor feminino era muitas vezes desvalorizado.
  • Censura Militar: Durante a ditadura militar no Brasil, Dercy desafiou a censura ao quebrar rótulos e fazer piadas que abordavam temas polêmicos. Ela chegou a mostrar o seio na TV como uma forma de transgressão e desafio às normas sociais.

Preconceitos Sociais

  • Estereótipos de Idade: Dercy enfrentou estereótipos relacionados à idade, especialmente por ser uma mulher idosa que continuava a se expressar de maneira ousada e irreverente.
  • Críticas à Intelectualidade: Ela frequentemente criticava a intelectualidade e os estereótipos culturais, o que gerava críticas de setores mais conservadores da sociedade.

Legado

  • Desconstrução de Estereótipos: Dercy é lembrada por sua habilidade de desconstruir e reconstruir estereótipos, tanto em suas performances quanto em suas entrevistas e declarações públicas.
  • Homenagens: Sua vida e obra continuam a ser celebradas, como no monólogo teatral "Nasci pra ser Dercy", que presta uma homenagem à sua carreira e impacto na cultura brasileira.

Dercy Gonçalves foi uma figura marcante que enfrentou e desafiou muitos preconceitos ao longo de sua vida, deixando um legado duradouro na arte do humor e na cultura brasileira.

 

 na poesia

Predomínio do machismo na poesia parnasiana
(A arte dos sonetistas) 

O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu no final do século XIX e se destacou pela busca da perfeição formal e pela valorização da estética clássica. No entanto, como muitos movimentos literários da época, ele refletia as normas e valores sociais predominantes, incluindo o machismo.

Características do Parnasianismo

  • Culto à Forma: A preocupação com a forma e a estética era central, muitas vezes em detrimento do conteúdo emocional ou social.
  • Objetividade: A poesia parnasiana buscava a impassibilidade e a objetividade, afastando-se do sentimentalismo romântico.
  • Temas Clássicos: A retomada de temas e formas da Antiguidade greco-romana era comum.

Machismo no Parnasianismo

("A literatura era um campo dominado por homens...")

 Representação Feminina: As mulheres eram frequentemente retratadas de maneira idealizada e objetificada, seguindo os padrões de beleza e comportamento da época.

  • Exclusão das Mulheres: As mulheres escritoras enfrentavam barreiras significativas para serem reconhecidas e publicadas. A literatura era um campo dominado por homens, e as vozes femininas eram muitas vezes silenciadas ou marginalizadas.

Exemplos de Poetas Parnasianos

  • Olavo Bilac: Um dos principais nomes do Parnasianismo brasileiro, conhecido por sua habilidade técnica e perfeição formal.
  • Alberto de Oliveira: Outro grande poeta parnasiano, que também valorizava a forma e a estética em suas obras.

 

O machismo na poesia, assim como em outras formas de arte, tem sido uma barreira significativa para muitas mulheres ao longo da história. Aqui estão alguns pontos importantes sobre o tema:

Histórico

  • Exclusão das Mulheres: Historicamente, as mulheres foram frequentemente excluídas dos círculos literários e acadêmicos, sendo desencorajadas de escrever e publicar suas obras.
  • Pseudônimos Masculinos: Muitas mulheres usaram pseudônimos masculinos para publicar suas obras e serem levadas a sério. Um exemplo famoso é o das irmãs Brontë, que publicaram seus primeiros trabalhos sob nomes masculinos.
  • Maria das Neves Baptista Pimentel: Em 1938, publicou seu primeiro cordel, "O Violino do Diabo ou o Valor da Honestidade", sob o pseudônimo Altino Alagoano, nome de seu marido.

 Sobre as irmãs Brontë

Foram uma família literária notável do século XIX, composta por três irmãs que se tornaram escritoras famosas: Charlotte Brontë, Emily Brontë e Anne Brontë. Elas nasceram na pequena aldeia de Thornton, no condado de West Yorkshire, Inglaterra, e são conhecidas por suas obras que se tornaram clássicos da literatura inglesa2.

Charlotte Brontë (1816-1855)

  • Obras Principais: "Jane Eyre", "Shirley", "Villette"
  • Pseudônimo: Publicou sob o nome de Currer Bell
  • Jane Eyre: Seu romance mais famoso, publicado em 1847, conta a história de uma jovem órfã que enfrenta desafios e finalmente encontra amor e felicidade.

Emily Brontë (1818-1848)

  • Obras Principais: "Wuthering Heights" (O Morro dos Ventos Uivantes)
  • Pseudônimo: Publicou sob o nome de Ellis Bell
  • Wuthering Heights: Publicado em 1847, é o único romance de Emily e é considerado um dos maiores clássicos da literatura mundial.

Anne Brontë (1820-1849)

  • Obras Principais: "Agnes Grey", "The Tenant of Wildfell Hall" (A Inquilina de Wildfell Hall)
  • Pseudônimo: Publicou sob o nome de Acton Bell
  • A Inquilina de Wildfell Hall: Publicado em 1848, é um romance que aborda temas como o abuso doméstico e a luta pela independência feminina.

Vida e Influências

  • Infância: As irmãs cresceram em uma casa paroquial em Haworth, onde desenvolveram suas imaginações através de histórias e jogos de criação de mundos imaginários.
  • Morte da Mãe: A morte precoce de sua mãe em 1821 e a subsequente morte das irmãs mais velhas influenciaram profundamente suas obras.
  • Pseudônimos: Para evitar preconceitos contra mulheres escritoras, elas publicaram suas obras sob pseudônimos masculinos.

Legado

  • Museu Brontë Parsonage: A casa onde cresceram, em Haworth, é agora um museu que atrai visitantes de todo o mundo.
  • Reconhecimento: Suas obras continuam a ser lidas e estudadas, e elas são celebradas como pioneiras na literatura feminina.

As irmãs Brontë deixaram um legado relevante com suas histórias poderosas e personagens complexos.

Sobre Maria das Neves poeta cordelista

Maria das Neves Baptista Pimentel foi uma poetisa e cordelista pioneira no Brasil. Nascida em 2 de agosto de 1913 em João Pessoa, Paraíba, ela foi a primeira mulher a publicar folhetos de cordel no país.

Vida e Carreira

  • Família: Filha do poeta e editor de cordel Francisco das Chagas Batista, Maria das Neves teve uma infância rodeada por livros e literatura.
  • Primeira Publicação: Em 1938, publicou seu primeiro cordel, "O Violino do Diabo ou o Valor da Honestidade", sob o pseudônimo Altino Alagoano, nome de seu marido.
  • Contribuições: Ela traduziu obras literárias eruditas para o formato de cordel, tornando-as acessíveis ao público popular. Entre suas obras estão "O Corcunda de Notre Dame" (1935), "O Amor Nunca Morre" (1938) e "O Violino do Diabo ou o Valor da Honestidade" (1938)1.

Desafios e Reconhecimento

  • Preconceito: Devido ao preconceito da época, Maria das Neves usou o pseudônimo de seu marido para publicar suas obras.
  • Reconhecimento: Somente a partir de 1970 é que sua autoria feminina foi reconhecida publicamente.

Legado

  • Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel: Em 2019, foi inaugurada a Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel na Biblioteca Central da Universidade Federal do Ceará (Unifor), em Fortaleza, dedicada a preservar e organizar os folhetos de cordel.

Maria das Neves foi uma figura importante na história do cordel brasileiro, abrindo caminho para outras mulheres na poesia popular.

 

Representação Feminina

  • Objetificação: As mulheres eram frequentemente retratadas de maneira idealizada e objetificada na poesia, sendo vistas mais como musas inspiradoras do que como criadoras.
  • Temas Limitados: As poetisas eram muitas vezes limitadas a escrever sobre temas considerados "apropriados" para mulheres, como o amor e a família, enquanto os homens tinham liberdade para explorar uma gama mais ampla de assuntos.

Mais exemplos de Poetisas que Enfrentaram Machismo

  • Emily Dickinson: Embora agora seja reconhecida como uma das maiores poetisas americanas, Dickinson viveu uma vida reclusa e publicou apenas uma pequena fração de sua obra durante sua vida, muitas vezes enfrentando críticas por seu estilo inovador.
  • Sylvia Plath: Plath enfrentou preconceitos tanto por ser mulher quanto por abordar temas considerados tabus, como a depressão e o suicídio, em sua poesia.
  • Cecília Meireles: No Brasil, Meireles enfrentou desafios para ser reconhecida em um ambiente literário dominado por homens, mas conseguiu se destacar como uma das maiores poetisas do país.

Mudanças e Conquistas

  • Movimentos Feministas: Os movimentos feministas do século XX ajudaram a abrir espaço para as mulheres na literatura, permitindo que mais vozes femininas fossem ouvidas e reconhecidas.
  • Reconhecimento Tardio: Muitas poetisas receberam reconhecimento póstumo, com suas obras sendo redescobertas e valorizadas por novas gerações de leitores e críticos.

Conclusão:

O machismo?

O machismo na arte é um reflexo das desigualdades de gênero presentes na sociedade. O machismo não é oriundo da poesia, do soneto, do cordel, da música, da pintura, enfim, o machismo tem a ver com a cultura no mundo em que sempre predominou o homem. Os poetas homens criaram Deus no coletivo de 66 livros chamados de bíblia. Criaram Deus masculino. O pecado só atinge as mulheres, pois você nunca ouviu dizer que homens foram apedrejados por serem adúlteros. Na bíblia não tem um mandamento para não cobiçar o homem da outra. E ninguém em sã consciência acredita que Deus verdadeiro seria machista, não e mesmo?

E quanto as regras e valores da moral criada pela sociedade?

Só havia lei que condenavam a mulher por causar desonra ao homem e não ao contrário, o homem podia e ainda pode andar de calção ou sem camisa na rua, mas a mulher não. O homem podia ir à casa vermelha, aos cabarés, que não era infidelidade, mas a mulher não podia pôr os pés para fora de casa. Portanto, penso que o machismo foi criado pelos homens, que criaram Deus e a religião e formaram a sociedade liderada pelos próprios homens. O instrumento que mantém e alimenta até hoje o machismo é a religião e a sociedade. Quanto a Deus, nenhum ser humano pode afirmar nada de real, mas posso assegurar com absoluta convicção que nenhuma palavra machista poderia sair da sua boca ou brotar em seu pensamento.

E o Cordel é coisa de machista ou do machismo?

O Cordel é mais uma coisa da arte. Simplesmente.

Vamos combater o bom combate para modificar a cultura do machismo, do fanatismo religioso e dos códigos morais da sociedade que só alimentam essa ilusão nociva a sobrevivência da vida humana.

Nota: Fruto de pesquisas na internet mais algumas reflexões pessoais.

Josué Gonçalves de Araujo

Poeta e editor/SP/2024

domingo, 28 de julho de 2024

 



O SENTIDO DA VIDA
(Josué Gonçalves de Araujo - 2024)

A vida faz algum sentido?

A vida é um conto da carochinha. 
Alguém sentiria  alguma falta se você não tivesse nascido?
Você perderia alguma coisa se não tivesse nascido?
Se você vem a esse mundo de mãos vazias e volta de mãos vazias, por que acha que veio? 

O que ganhou com esse estágio de vida?

Você nasce e ao nascer, passa toda a vida vivendo sob ameaça da morte durante as vinte e quatro horas de cada dia. Você nasce sem conhecimentos e durante o período de sobrevivência vai adquirindo conhecimentos até o final da vida. Você morre e não leva nada que pertença a esse mundo material. Você não leva nada, quando me dirijo a você, estou admitindo a hipótese de que você é um ser individual espiritual que estava dentro do corpo que é pó.

Então quem é esse ser individual de vida própria?

Você é a vida espiritual?

Não. Não é a vida.
Então você é o corpo formado totalmente de matéria. Um ser humano que é pura matéria não desenvolve raciocínios, porque o pó, a matéria, não tem vida. Sem vida não existe qualquer forma de pensamento ou dedução lógica. Ai temos uma questão lógica: Esse ser totalmente material não pode ser você, visto que você pensa e desenvolve raciocínios. O macaco tem vida material, mas não desenvolve raciocínio lógico, não se evolui. Você difere de qualquer animal por causa da racionalidade.
Considerando que o ser humano tem a faculdade de pensar, então, por força da lógica, o ser humano não é formado totalmente de pura matéria. Matéria não pensa.
Sim. É a vida espiritual.
Se você for formado por matéria e espírito, então a matéria se transforma em pó e fica no mundo material e o espírito fica livre do corpo e continua vivo. O espírito seria imortal, seria vida. Vida seria espírito. Espírito sendo vida é imortal. Um ser individual espiritual entranhado e conectado as fiações de impulsos elétricos, controlando o cérebro e o corpo material.
Mas por que o espírito encarnou e por que precisaria adquirir conhecimento? 

Evolução.
Nessa hipótese faria sentido o espírito encarnar na matéria para adquirir conhecimento, e ao partir, levar esse conhecimento na memória. Justificaria a existência da vida nos seres humanos.

Mas por que o espírito precisaria de um corpo material para se evoluir?

Vamos pensar...
A matéria é átomos, pó, portanto sem vida. Não pensa, não desenvolve raciocínio. Não sente qualquer espécie de sentimentos ou sensações. Não pode ser responsabilizada por nada.
O espírito é uma energia do mundo da espiritualidade sem formas. Um espírito não tem gêneros, ou seja, um espirito - o mesmo que um anjo - não é masculino e nem feminino. Não se acasala. Não é qualquer espécie de gênero, não tem forma alguma porque não tem sexo. É simplesmente um ser de essência energética que tem vida própria, pensa e evolui pelo desenvolvimento do raciocínio. Pode encarnar num corpo físico masculino ou feminino. O corpo humano é só uma ferramenta com duas formas opcional para o espírito interessado. Forma: Masculino e forma: Feminino.
 
O espírito é imortal e insensível
Livre de um corpo físico, o espírito não sente frio ou calor, dor ou alívio, amor ou ódio. Não morre, não é afetado por qualquer reação química do mundo material. Não se queima no fogo. É imune as reações de uma bomba nuclear. Não tem sexo. É inatingível. 

Qual o objetivo da encarnação?

Processo de evolução
O espírito encarna porque tem interesses nas sensações que só um corpo humano (Matéria física) pode-lhe proporcionar. 
Um ser humano é formado pela matéria e pelo espírito. Dentro da matéria é a única forma do espírito sentir e ser afetado pelos sentimentos e emoções. Você, naturalmente, não vive sentindo choques elétricos, mas se tocar em um fio com corrente elétrica você é afetado imediatamente.
O espírito entranhado ao corpo pode sentir todas as sensações através da complexidade da máquina material, o corpo físico.  Nas sensações do princípio da dualidade. Tudo é dual. O conhecimento é uma moeda de duas faces: o bem e o mal, o certo e o errado, ... 
O espirito precisa dessas sensações 
O espirito sendo um ser individual com vida e sem forma, é oriundo do mundo da espiritualidade. 
Na espiritualidade - o mundo da luz espiritual - existe variações ou níveis de luminosidade espiritual.  O espirito precisa se evoluir até atingir o grau absoluto de luminosidade, de evolução, e a melhor escola para se formar seria no mundo das trevas. A face contrária da espiritualidade. Através da matéria o espirito pode sentir a dualidade dos elementos que desenvolve o conhecimento; o bem e o mal, o amor e o ódio, a paz e a violência, o medo e a coragem, o prazer e o desprazer .... Só através desse instrumento - corpo material - que o espirito pode esquecer que é inatingível, esquecer que é imortal e passar a sentir medo até de estar vivo. Não se pode escolher entre o açúcar e o sal sem antes prová-los.
Vivenciar o verdadeiro inferno das trevas para um dia reconhecer a verdadeira essência do mundo da luz. A sabedoria é o resultado da comparação da dualidade das sensações. É preciso vivenciar o bem e o mal para só depois escolher o equilíbrio. 
O espírito precisa de evolução porque é imperfeito?

Somos imperfeitos e se somos espíritos, então os espíritos são seguramente imperfeitos. Dedução lógica. 
Podemos lembrar, também, que os anjos da bíblia são os espíritos, e que estão classificados na seguinte ordem: a classe de anjos, a classe dos arcanjos que é mais evoluída que a classe dos anjos, depois mais acima temos a classe  dos Querubins, outra classe quase perfeita que é dos Serafins e finalmente, as três classes de perfeição absoluta: a trindade espiritual ou a divindade espiritual. O oceano da espiritualidade. Uma gota do oceano se torna oceano quando retorna ao oceano. Cada anjo de uma classe almeja evoluir para alcançar a classe, imediatamente superior, objetivando o mergulho no mar da divindade da perfeição absoluta.
Por que teria uma parte de espíritos imperfeitos no plano espiritual e outros no mundo material?

Alguns espíritos saíram do mundo espiritual direto para o mundo material. 
       Talvez no mundo das trevas o aprendizado para a evolução fosse mais eficiente e ou mais rápido.
Talvez porque o processo de evolução desses espíritos tenham se tornado inviável no mundo da luz.
Talvez porque eles sejam os próprios anjos rebeldes expulsos do mundo espiritual. Não se tem consciência do céu sem antes ter vivenciado o inferno. 
Talvez porque não deram a devida importância ao mundo da luz de onde se originaram e precisam vivenciar a face das trevas para a futura conscientização da luz. Mundo das trevas é a outra face do mundo da luz espiritual. Não podem ser destruídos e por isso precisam de uma cruz material - corpo no mundo material - para iniciar o processo do retorno. Evoluir através das encarnações materiais até atingir um certo grau de evolução. O universo material é imenso com suas milhares de galáxias.
Talvez os espíritos mais evoluídos façam estágios com encarnações em outros planetas e ou galáxias com outras formas físicas e outros padrões de  evolução superior ao planeta terra. É como na escola: primário, fundamental, universitário, mestrado, doutorado, ...

Deus (um ser individual?)
Você já viu Deus?
Não. Você não viu.

(Próximo capítulo ...)

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