O Cordel
escolhe o cordelista
e o cordelista
escolhe o caminho.
Com o apoio
cultural da editora Luzeiro, a Magazine Gibi lança o primeiro volume de uma
série
“A saga dos
vampiros” escritas por Josué Gonçalves de Araújo em parceria com Nirothon
Pereira (Nirothon José Cardoso Pereira) residente no Pará. Não se conhecem
pessoalmente. Niro o encontrou através das redes sociais da internet. Com esse
livro, Nirothon entra para o mundo dos cordelistas através dessa fecunda parceria.
A primeira ideia foi criar uma saga com os entes encantados da natureza mas
depois de escrita, ainda restava muito fôlego para a dupla. Daí surgiu a ideia
da saga dos vampiros. Os vigilantes saíram de férias e chegaram os vampiros no
cenário da vila do Araí.
SOBRE A SAGA: Os vigilantes da natureza
Lembro-me lá da região do Pontal do Paranapanema, quando, ainda garoto,
saí de uma mata totalmente desorientado, após ter atirado num pássaro que era
impróprio para a alimentação. Queria provar ao meu primo que era bom atirador. Só
cheguei em casa porque o meu primo segurou a minha mão e me carregou. Segundo
os mais velhos, eu havia sido castigado pelo Saci, Curupira, Caipora ou coisa
semelhante, seres encantados que protegem a natureza.
Não é interessante que esses causos de seres encantados que se ouvem falar por boca de muitas pessoas, sempre tem algo em comum? Defesa da natureza! Todos esses entes, de certa forma, têm a função de proteger a natureza dos predadores. São muitos os relatos de caçadores que não respeitam a natureza e que sofrem alguma punição ou aos seus próprios cães de caça que, desorientados, apanham de uma chibata invisível.
Tinha em mente o intuito de escrever sobre a magia dos Elementais,
interagindo com o nosso povo. Uma série em Cordel sobre esses entes encantados,
heróis, guardiões da natureza. Pensei em viajar para um lugar onde houvesse
evidência desses acontecimentos. Ouvir as pessoas da região e obter relatos,
inclusive de possíveis vítimas. De repente o Nirothon, lá do Pará, se
apresentou a mim, através da internet.
Um leitor de Cordel, que desde a infância, reuniu em sua coleção, mais
de 300 livretos de Cordel, e que viveu e vive ainda, no Pará, integrado a
natureza, onde os fatos acontecem. Niro
demonstrou possuir uma imaginação fértil para a criação de histórias de seres
encantados.
Niro demonstrou flexibilidade e ânimo. Tinha em sua memória um arsenal
de casos fantásticos e sonhava em ser um cordelista. Entender as regras da
métrica e rima do Cordel. Juntamos tudo isso num pacote. A ideia de uma
parceria começando com o projeto da saga: “Os vigilantes da natureza em
Cordel”. Depois de definido o projeto, as criações aconteciam tomando forma. A
princípio definimos todo o projeto em uma trilogia, mas as ideias continuavam e
por fim, ampliamos para sete volumes, com a sensação de que poderíamos criar
mais outros volumes sobre o assunto e foram escritos mais de dez volumes.
Informações transitavam daqui pra lá, de lá pra cá, gerando uma sincronia cada
vez mais perfeita, entre nós. A noite, ouvia do celular do Niro, a sinfonia dos
sapos e pererecas do lago à beira do seu trabalho. A minha mente voava e ao
revisar um simples rascunho - histórias e histórias nasciam dentro da história
principal. Niro tinha a preocupação de observar e aperfeiçoar o uso das regras
do Cordel, para desenvolver melhor o seu talento de criatividade. A medida em que
estreitávamos a relação de parceria, eu ampliava a admiração pela sua
genialidade. O cordelista dentro dele, aos poucos se aflorava, procurando o
ponto de equilíbrio com o gênio criativo. O processo de criação de histórias
com Niro era estimulante. Eu me sentia o mestre e o discípulo, simultaneamente.
Também fui fisgado pelo Cordel na infância.
Minha Avó, analfabeta mas de boa audição, de tanto ouvir e decorar os
tais romances de cordel, foi (como uma
professora) quem me despertou e me apontou o caminho dos livros, da
literatura, da poesia, do escritor cordelista que me tornei, enfim... “O caminho seguro do conhecimento”.
Aos 6 anos de idade descobri a literatura, ao ouvir da boca da minha
Avó, em versos de cordel, a “História do
Valente João Acaba Mundo e a Serpente Negra”, do saudoso cordelista Minelvino Francisco Silva - (1926-1998).
Se os
olhos da vovó se negavam a ler e as mãos cegas a escrever, restava-lhe os
ouvidos para ouvir e aprender.
Hoje, algumas daquelas pessoas ouvintes, são escritores – como eu -, outras são professores e até
ilustres da literatura brasileira, com fama internacional.
Atualmente, em nosso Brasil com menor índice de analfabetismo, o Cordel
continua presente em muitos livros paradidáticos, adotados para serem
trabalhados em escolas públicas ou eventos culturais.
A SAGA:
“Os entes encantados da natureza”
(Inspirado nos “causos” folcloricos da
Amazônia)
Ainda sem título definido.
É uma série em volumes no formato padrão do Cordel.
“Da mesma forma que o
cordel, nas décadas passadas, escrito sob o princípio da oralidade, fluiu coletivamente,
alegrando e encantando, educando, despertando talentos e provocando sonhos,
assim é, os contos e fábulas infantis para o mundo das crianças e ou adultos.
Transformar esses contos, lendas e fábulas em versos de cordel é potencializar
os benefícios e objetivos dessa forma de expressão literária, no intuito de
incentivar as pessoas, além de conhecer e gostar de literatura através das
regras e do gracejo do Cordel, chamar atenção para a necessidade da preservação
ambiental. Os entes encantados vistos como vigilantes e
defensores da natureza.”
PLANO DA OBRA - A saga:
Volume I – A Gênese Elemental
Volume II – A Sina da Mãe D’Água.
Volume III – A Matinta Pereira, Saci Pererê e Curupira...
Volume IV – O Reino do Olho D’Água’.
Volume V – Sarambuí.
Volume VI - Refúgio dos Guardiões.
Volume VII – Batalha dos Guardiões.
...são mais de 10 volumes já
escritos.
Sinopses:
Do Livro II - A SINA DA MÃE D’ÁGUA - CORDEL
Do Livro II - A SINA DA MÃE D’ÁGUA - CORDEL
...
“Aconteceu no Pará,
Na antiga Urumajó,
Mas hoje, Augusto Correa,
Onde o sol queima sem dó,
Moça lá, vira Mãe D’água,
Se estiver dormindo só.”
...
“Mãe-d’água”, é uma
entidade do folclore brasileiro. Além de uma bela história em versos de cordel,
a figura folclórica da Mãe d’água, é empregada como uma entidade de proteção ao
meio ambiente e ganha uma nova versão para as suas origens.
...
Duas lágrimas rolaram
Pelas faces de Glorinha,
Quando falou a Mãe D’Água:
— Sendo eu pequenininha
Diante da sua grandeza,
Posso dar-lhe uma mãozinha?
— Minha querida menina,
Há somente dois caminhos:
Unir-se aos mais conscientes
Que lutam sempre sozinhos,
Enfrentando o próprio homem
Com todos os seus espinhos...
Ou se tornando maior
Para melhor proteger.
Sendo você a Mãe D’Água,
Ganha um enorme poder,
A magia necessária
Para os rios, defender.
...
...
“O povo não pode vê-lo
Pois o reino é encantado,
Mas todos ouvem histórias
Desse reino respeitado,
E o mistério só aumenta
Na história do povoado.”
...
A história da primeira Matinta Pereira, a mulher que se transforma em
pássaro e solta um forte assobio que assombra os maus caçadores, inclusive as
suas origens em um reino encantado dentro de uma fonte, banhada pelo mar, todas
as manhãs. Nesse cenário, também surge as figuras do Saci Pererê e o Curupira,
ambos de reinos distintos, envolvidos na deflagração de uma guerra entre os
reinos. Revela-se nessa história o porquê do Saci ter somente uma perna e o
Curupira os pés virados para trás, com a missão de proteger a fauna.
...
“Matinta ficou acesa
Com a ideia de ser gente,
Mas de repente tremeu,
Sentiu medo de repente.
Num mundo, assim sem magia,
A vida é bem deprimente.”
...
...
“Mais aqui vamos contar
Uma história de amor,
Da princesa encantada
E o humano sonhador.
Amor de mundos distintos,
Digno de todo louvor.”
...
Uma trama fascinante onde o amor cruza as fronteiras do mundo encantado
e se torna presente no mundo real. Flechar, mortalmente, um sapo cururu
encantado sobre uma pedra, provocou uma história de vingança entre um reino
encantado e a família do menino caçador, no mundo dos humanos. Intriga, magia e
amor interagindo entre os dois mundos.
...
“Do mesmo jeito que o sapo,
Lá no seu reino gemia,
O menino em sua casa
Da mesma forma sentia.
Cada dor era sentida
Em perfeita sincronia.”
...
SOBRE A SAGA: Os Vampiros
A história das duas sagas acontece na cidade natal de Niro –cidade
de Augusto Correia –PA na vila do Araí. Nessa vila tinha um olho d’água que em
parte do dia era banhada pelo mar e na outra metade do dia, voltava a ser uma
fonte de água doce. A maré trazia os mistérios das águas do mar para a mina de
água doce. Muita superstição se originou nas águas dessa fonte. Niro registrou tudo
em sua mente e nessa parceria procuramos dar vida a esses personagens e criamos
muitos outros para formar a saga dos vigilantes, mas no caso da saga dos
vampiros, usamos apenas o mesmo cenário, mas as ideias e os personagens são, totalmente,
criados pela parceria. Magia, encantamento, vampiragem, aventura, amor,
filosofia...tudo acontece nessa saga, mas cada volume tem início meio e fim como
qualquer saga. Cada volume tem 32 paginas
A SAGA DOS
VAMPIROS
Volumes:
VAMPIRO
- VOL. 1 – Depressão Sombria
VAMPIRO
- VOL. 2 - Os grimórios da feiticeira
VAMPIRO
- VOL. 3 - A maldição do sangue
VAMPIRO - VOL. 4 - A bruxa do leste
VAMPIRO – Depressão Sombria
(Lançado)
Lá na Vila do Araí,
A terra da fantasia,
Tem mistério até demais.
Já pensam em romaria
Só por causa de uns boatos,
De vampiro e de magia.
Excluindo esses mistérios,
É tranquilo o povoado!
O trabalho é só de pesca,
Ou então é de roçado.
A vida lá é serena,
O povo é bem sossegado.
Energia elétrica, lá,
Era até as dez, somente,
Depois disso a lamparina
Clareava o ambiente.
Os velhos contavam contos
Nas noites de tempo quente.
No terreiro em frente a casa,
Sob a lua prateada,
Contavam causos e causos
De princesa encantada.
De herói e cangaceiro,
Assustando a meninada.
Os romances de cordel:
Peleja de Riachão,
O pavão Misterioso,
Juvenal e o Dragão,
As Proezas de João Grilo,
José de Souza Leão.
De forma que todo o povo
Convivia acomodado,
Até que em certa noite
Tudo foi modificado.
Um fato misterioso
Deixou o povo assombrado.
...
...
Damiem se despertou
Numa estranha região.
A visão estava turva,
Seu corpo frio no chão,
Do que havia se passado
Não tinha recordação.
No céu a lua brilhante,
Na terra a relva
orvalhada,
Damiem pôs-se de pé
Com uma sede danada.
Sentiu a força do corpo
De forma demasiada.
Olhando ao redor não
viu,
Ao menos, um viajante.
O seu ouvido captou
O som de um lugar
distante.
Dentes mastigando
folhas,
Um animal ruminante.
Damiem saiu correndo
No rumo do animal.
Corria mais que o vento
Isso não era normal.
Agarrou aquele cervo
Com força descomunal.
Cravou as presas no
bicho
E todo o sangue bebeu.
Sentiu-se fortalecido,
Porém nada entendeu,
Pois bebeu somente o
sangue
Mas o resto não comeu?
...
Não percam ... as emoções do próximo episódio.
... As revelações surpreendentes de Socorro.
Esse foi o
caminho do Nirothon. Outros livros da parceria serão lançados e outros de
carreira solo também serão lançados por ele. Niro tem imaginação dos antigos
cordelistas e tem humildade para aprender (virtude dos sábios) as regras seculares
do cordel. O Cordel não existe sem as suas regras. Seja bem-vindo Poeta
Nirothon.
Josué G. de Araújo
Nirothon
José Cardoso Pereira
Casado, pai de três filhos. Filho: de
José Pinheiro Pereira (pescador) e Maria de Fátima Cardoso Pereira
(professora). Nasceu na vila Araí, Augusto Corrêa, Pará em 02/11/1976.
Estudou na
escola Emiliano Picanço da Costa na própria vila Araí.
Seu Pai era um leitor assíduo dos folhetos de Cordel e foi dessa forma que Nirothon, desde a infância, descobriu o mundo do Cordel, através dos livretos da coleção do pai, mesmo antes de aprender a ler. Provavelmente aos 7 anos já começou a ler o Príncipe Formoso, Histórias de encantamento, princesas, aventura por amor. Quando saiam para pescar, as vezes, por até uma semana, a única diversão dos pescadores eram os romances de cordel. Após, os 15 anos de idade, iniciou a sua própria coleção de cordel, que hoje já conta com mais de 300 títulos, na maioria, livros da editora Luzeiro.
Seu Pai era um leitor assíduo dos folhetos de Cordel e foi dessa forma que Nirothon, desde a infância, descobriu o mundo do Cordel, através dos livretos da coleção do pai, mesmo antes de aprender a ler. Provavelmente aos 7 anos já começou a ler o Príncipe Formoso, Histórias de encantamento, princesas, aventura por amor. Quando saiam para pescar, as vezes, por até uma semana, a única diversão dos pescadores eram os romances de cordel. Após, os 15 anos de idade, iniciou a sua própria coleção de cordel, que hoje já conta com mais de 300 títulos, na maioria, livros da editora Luzeiro.
De tanto ler
Cordel, despertou em si, o dom de inventar histórias de encantamento. Ao
conhecer o cordelista Josué de São Paulo, tiveram a ideia de se unirem para
desenvolver histórias, se apropriando de lendas com belos enredos, que pudessem
visar a proteção do meio ambiente. A história da Mãe d’água foi a primeira da
série, a ser escrita. Com o primeiro volume da saga “Vampiros em cordel”, se lança como escritor em parceria com Josué,
escritor cordelista da editora Luzeiro em São Paulo.