segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A necessidade faz o ladrão ou a ocasião?

Ocasião “Oportunidade para a realização de algo; conjuntura favorável ou oportuna de tempo e lugar para que se dê ou se realize algo: ocasião de agir.” Necessidade “Aquilo que é inevitável, fatal. Aquilo que constrange, compele ou obriga de modo absoluto: Exemplo: “Viu-se ante a necessidade de ceder (defecar). Se é verdade que a necessidade faz o ladrão, alguém honesto que se vê diante de uma situação desesperadora, é capaz de passar por cima dos seus princípios e cometer um roubo, também, é verdade que a necessidade faz a ocasião. Primeiro surge à necessidade, no caso, aquela dor de barriga, oriunda de distúrbios intestinais — culpa do peito de peru do boteco — e começa a pressão da natureza física. O tsunami quer explodir pela minúscula boca do vulcão; a vítima começa a suar, a batidas cardíacas perdem o equilíbrio, e as pisadas no asfalto são suaves, como se pisassem em casca de ovos. Claro! Quem vai se arriscar a um passo em falso e correr o risco de sentir as pernas molhadas pela onda rebelde, quando a rolha saltar da boca do monstro zangado? Um banheiro público, sujo e sem papel higiênico, está há anos luz de distância. Aliás! Qualquer distância é extensa nesse momento. Você olha para todos os lados procurando um milagre. Que sinuca de bico, meu irmão! O monstro ronca agressivamente dentro de você. São explosões e deslocamentos internos. Tudo começa a girar, porque você sente medo. Medo não! Você se apavora. Na escala Richter o sismógrafo deve estar apontando a magnitude de 10 graus. O que será que vai acontecer? — Meu Deus — você clama: — Tire-me dessa enrascada! Eu farei qualquer coisa; deixo de comer pão com manteiga no café da manhã; serei bom com os mendigos; com a minha sogra; não olho mais para a mulher do meu vizinho do som alto... Meu Deus! Você não vislumbra uma solução normal. A sua necessidade é imperativa, categórica. É mais forte que você e pode romper as resistências das suas pregas naturais, antes que pisque os olhos. Pode romper? VAI ROMPER! Privação dos sentidos. As vistas escurecem e quando a luz retorna, a ocasião se apresenta, bem a sua frente. Não há tempo para pensar ou recusar e... Bummmmm. — Merda? Merda para o mundo todo; para a sociedade; para os chatos e as chatas, para toda a humanidade. O maior de todos os alívios existentes no cosmo. É o céu! Eu estava presente no local e no momento certo. Vi o instante fatal em que o infeliz mandava larvas de merda para o mundo. Eu não pude negar um clic no meu celular. Precisava eternizar aquela resposta da natureza. Bem ali, no centro de São Paulo, na esquina da Rua Santo Antonio, a cem passos da câmara dos vereadores. A merda foi para eles também, para aqueles que recebem verbas indevidas de associações, empresários gananciosos ou lobistas piratas, para os vampiros financeiros, os mascarados... Tomara que a força do tsunami sopre esses detritos fétidos até as cabeças dos malfazejos políticos corruptos do congresso nacional. Lá em Brasília! Que pena que está longe, né? Se ao menos houvesse um vulcão com uma boca enorme lá em Brasília ...

Um comentário:

  1. Hehehehe Muito criativo o texto ! Impressionante como você conseguiu transformar uma situação triste numa crônica filosófica e instigante... Você tem ainda essa foto ??

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