“O investimento é de R$ 3 milhões, distribuídos entre os projetos selecionados” Diário Oficial da União.
O Projeto:
Parabéns ao Governo Federal por essa iniciativa. É uma migalha de incentivo para a nossa cultura, mas como diz o dito popular: É melhor lamber que cuspir”.
“...querem roubar a pureza, a nacionalidade de um país, destruindo a sua cultura. O brasileiro, ou qualquer outra nacionalidade, tem amor à sua pátria através também de sua cultura. E não tendo chance de apreciar e participar de sua cultura, é uma pessoa despatriada. Uma pessoa que não tem amor à pátria é que nem cocô na água, não sabe para aonde vai.” Parte de uma entrevista de Mestre Azulão, extraido do fotolog: http://fotolog.terra.com.br/cordelnaescola:153
Com esse projeto, o Ministério da Educação toma a iniciativa de apoiar a realização de projetos relacionados ao mundo dos: "Repentistas e Cordelistas".
Para nós, os cordelistas, parte da verba está destinada a financiar - 80 projetos com valores até sete mil reais cada.
Qual dos poetas que animados com essa novidade, não sonhou com a inclusão do seu projeto na lista dos selecionados? Eu também sonhei. Tanto que enviei o meu projeto. Transformação de um conto dos irmãos Grimm "Os três cabelos de ouro do diabo, em cordel". Anexo ao projeto, enviei o meu currículo literário.
Resultados:
No dia 14 de dezembro de 2010, saiu um edital no Diário Oficial da União, página 18 – “Relação dos projetos classificados”. No topo da lista, com 89 pontos, constava o meu nome: Josué Gonçalves de Araujo/SP.
Difícil foi acreditar. Por que eu, no primeiro lugar da lista? O meu primeiro cordel havia sido lançado em, (não mais que dois anos atrás). Era normal a minha esperança de estar incluído entre os aprovados, e se fosse a ultima posição – 80ª, seria motivo de muita alegria.
Não teria havido algum engano?
No dia 22 de dezembro de 2010, saiu novo edital e houve correção na lista dos aprovados. Agora constava no topo da lista com 90 pontos, o nome de José João dos Santos. Quem? Na verdade, conhecido como o “Mestre Azulão – lenda vida do cordel, com fama internacional. Vale lembrar que na primeira classificação, ele constava na posição 102ª – desclassificado.
Passei então a ocupar a “honrosa” segunda posição, (em boa companhia), mas infelizmente, aquele poeta – Rivani Nasário de Oliveira do Espírito Santo de Olinda - Pernambuco, que também sonhou e que estava na posição 80ª - ultimo dos aprovados da lista anterior, passou para a 81ª, sendo automaticamente (desclassificado). Esse poeta foi o único prejudicado.
Critérios:
Quais os critérios usados na avaliação que gerou a primeira lista?
Quais os critérios usados para a correção relacionada ao Mestre Azulão que gerou a segunda lista?
Quais os critérios de avaliação para realocá-lo no topo com 90 pontos?
O edital de correção foi uma resposta a “grita” de vários poetas cordelistas, inconformados, e com razão, do fato de o Mestre Azulão – (José João dos Santos) - ficar de fora do primeiro concurso dessa natureza.
“Outras distorções lamentavelmente permaneceram. Numa delas, a tese de doutoramento de Aderaldo Luciano, aprovada com louvor na UFRJ, foi excluída, não alcançando sequer a pontuação mínima.
Felizmente, a inclusão de Mestre Azulão atenua em parte os equívocos cometidos.” (extraído do blog: http://fotolog.terra.com.br/marcohaurelio)
Ainda, não tenho resposta para essas perguntas. Temo que essa correção, da forma como foi feita, venha a lançar dúvidas sobre os critérios utilizados na avaliação dos classificados:
Os erros:
Erraram tanto na primeira avaliação?
Ou erraram mais ainda na correção?
A coerência do reconhecimento dos erros que forçaram a realocação de um poeta das últimas posições (com 57 pontos) para a primeira posição, (agora com 90 pontos), não inverteria a ordem dos classificados da primeira lista?
Seria absurdo esperar eficácia dos nossos órgãos públicos, mas eficiência é fundamental. Todo erro é compreensível, mas a correção desastrosa é imperdoável.
Injustiça:
O nosso querido Mestre Azulão não merecia isso! Ele é homem simples e honrado; um poeta sério e autêntico. Eu tenho por mim que, o verdadeiro poeta vive para alimentar a sua alma e isso não se coaduna com a demasiada ambição material, com o poder ou com as angustias do ego.
O resultado do que fizeram e refizeram, de forma dúbia, com a participação de Mestre Azulão nesse concurso, não condiz com o que ele é; com o que ele representa e com o que ele prega.
Minha admiração:
Sonho ir a São Cristovão no Rio de Janeiro para visitá-lo; apertar a sua mão, como se apertasse a mão de todos os cordelistas que povoaram a minha imaginação infantil, nas longas noites.
Minha verdade:
Sem querer ser tartufo ou condescendente, afirmo e ratifico em qualquer tempo, que julgo o projeto - “a tese de doutoramento de Aderaldo Luciano” - de maior importância, para o mundo do cordel, que o meu próprio projeto. Temos muitas obras boas – livretos de cordel – publicadas ou sendo publicadas de norte a sul, mas um projeto como o de Aderaldo é raro. Já dizia Albert Einstein: “não existe um ponto, verdadeiramente fixo no universo, tudo se movimenta e se evolui”. Isso vale, também, para o cordel. Um leitor se emociona e se impressiona com uma obra literária, justamente porque o seu conteúdo lhe parece inédito, além do seu alcance ou imaginação. O poeta autêntico tem obrigação de estar à frente, seguir em frente, ou seja, evoluir. Qualquer forma de temor ou resistência ao “novo” é ausência de pureza da alma e ou autenticidade da sua dádiva poética. A poesia é um instrumento de sublimação da alma humana. É por essa razão que um poeta é um poeta e um executivo é um executivo. O óleo e a água não devem se misturar.
Josué G. de Araujo
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